Nas duas últimas semanas, a equipa de cirurgia do Hospital Infante D. Pedro foi obrigada a cancelar mais de 20 cirurgias programadas devido à falta de disponibilidade de camas para internamento. A informação foi avançada ao Diário de Aveiro por várias fontes hospitalares que explicaram ainda que, na maioria dos casos, os utentes só foram informados do cancelamento das suas cirurgias “no próprio dia”. A administração hospitalar desdramatiza o cenário. Segundo fez saber o responsável máximo do departamento cirúrgico, através do gabinete de imprensa do hospital, “não se registou qualquer desvio do padrão”.
Ainda de acordo com as explicações prestadas ao Diário de Aveiro, através do gabinete de imprensa, o cancelamento de cirurgias decorre da maior afluência de utentes às urgências e consecutivo aumento do número de internamentos. Contudo, e no entender dos responsáveis pelo departamento cirúrgico, o cenário verificado nas duas últimas semanas não fugiu à normalidade.
Estas informações contrastam com aquelas que são prestadas por vários profissionais da unidade de saúde aveirense, que dão nota de um agudizar da situação. Além do cancelamento das cirurgias registado nas duas últimas semanas, os profissionais falam ainda no depauperamento das equipas médicas, nomeadamente nos serviços de Urgências e Medicina. “Dantes havia cinco médicos na Urgência. Agora, estão dois e quando muito três”, relata uma das fontes ao Diário de Aveiro. Já na Medicina, “temos dias e noites com apenas um médico de serviço”, relata outra fonte.
O que pode estar a conduzir a este cenário? “Temos cortes orçamentais numa altura em que até devíamos estar a reforçar os cuidados médicos, uma vez que a esperança de vida aumentou e temos uma população idosa cada vez mais significativa”, aponta um dos profissionais auscultados pelo nosso jornal.
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