VALE DE CAMBRA: ARGUIDO CULPA VÍTIMAS MORTAIS POR ACIDENTE

“Avistei um motociclo que vinha fora de mão e fiz tudo para evitar o acidente, mas não consegui”. Com estas palavras, Manuel Martins, de 57 anos, defendeu-se, ontem, no Tribunal de Vale de Cambra, onde começou a ser julgado por dois crimes de homicídio por negligência grosseira e pela prática de duas contra-ordenações.
O suspeito garantiu que, ao contrário da acusação do Ministério Público (MP) sugere, o que invadiu a faixa contrária foi a moto das vítimas mortais e, por esse motivo, também não assumiu as culpas do acidente que provocou a morte do casal, que era seu amigo.
O sinistro ocorreu na tarde de 13 de Junho do ano passado e, segundo o MP, o condutor da carrinha, que circulava no sentido Vale de Cambra/São Pedro do Sul, em Vila Cova, na EN 227, é o responsável pela morte do casal, que seguia na direcção oposta. “Ao quilómetro 30, pisou e transpôs a linha contínua”, antes de uma curva à direita e numa zona onde era proibido ultrapassar. Conduziu “de forma descuidada” e revelou “falta de prudência e cuidado”, refere a acusação.
“Ando sempre devagar e nem a 40 quilómetros à hora vinha. Não invadi a faixa contrária nem fui contra a mão”, recordou Manuel Martins à magistrada, sublinhando, ainda, que “conduzia à direita, mais próximo da berma”.
Já a moto que transportava Manuel Henriques, de 57 anos, e a mulher, Maria Olívia Dias, de 51, residentes em Couto de Esteves (Sever do Vouga), seguia, segundo o arguido, “com bastante velocidade”. O automobilista, reformado por invalidez, mas que, segundo disse, não estava sob efeito de medicação aquando do acidente, responsabiliza, assim, o condutor do veículo de duas rodas pelas duas mortes.


Diário de Aveiro


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