Diário de Aveiro: Qual a razão da escolha de Aveiro para mais este momento que assinala os 40 anos do Expresso?
Francisco Pinto Balsemão: Aveiro é uma referência no melhor que se faz em Portugal em termos de ciência e de tecnologia. Leio, por exemplo, com frequência as notícias que vêm a público sobre os projectos em curso ou já concluídos com excelentes resultados, realizados por equipas de investigadores da Universidade de Aveiro. Aveiro é uma das principais cidades portuguesas onde, proporcionalmente à sua população, mais se lê o “Expresso”. Além disso, é uma cidade jovem, em crescimento. Os estudos de audiência que periodicamente fazemos, dizem-nos que o grupo etário 25-34 anos é o que mais nos lê, pois representa 22,7% dos nossos leitores, seguindo-se o grupo dos 35-44 (20,1% dos leitores). É sintomático que uma geração já agarrada pela Net, pelas redes sociais, pelos SMS, pelo acesso imediato à informação e por toda a fragmentação e falta de tempo em que isso redunda, continue a comprar, todos os sábados, o nosso jornal.
Como é o Expresso hoje, comparando com o de há 30, 20 e 10 anos?
Nos últimos 40 anos, houve enormes transformações, desde o 25 de Abril ao fim da Guerra Fria, passando pela revolução do digital, pela emergência dos BRIC’s, etc.. O Expresso, como meio de comunicação social, soube acompanhar e, por vezes, antecipar um mundo em mudança acelerada. Como projecto editorial, o Expresso, porém, não mudou. Mantiveram-se inalterados os objectivos de fazermos um semanário de qualidade, servido por um jornalismo independente dos diversos poderes e empenhado em seleccionar a informação e a opinião, permitindo ao leitor saber o que aconteceu e o que pode vir a acontecer em dentro e fora das nossas fronteiras.
Como classifica esta exposição e quais as reacções que tem recebido?
Através das imagens mais representativas que o Expresso, em devido tempo mostrou, procuramos ajudar a compreender o País e o Mundo em que vivemos. A exposição é organizada em décadas. Cada década constitui um núcleo, composto por cinco torres. O discurso expositivo, incidindo principalmente na História do nosso País, é contrastado com acontecimentos de relevo internacional, com fotos seleccionadas dos milhares que fomos publicando ao longo dos anos, ilustrando os milhares de páginas que fizeram o Expresso.
Quais são os momentos mais marcantes destas quatro décadas? Quer em termos noticiosos quer, por outro lado, no que diz respeito à vida do jornal?
O dia 6 de Janeiro de 1973, porque foi a data do nº 1. O fim da Censura, porque passámos a escrever em liberdade. A independência crítica que o jornal manteve nos três anos e meio em que estive no Governo. O lançamento, ao longo dos anos, dos vários cadernos e revistas que integram o Expresso. A saída de grande parte da Redacção (e não só) para o Público, em 1989. A mudança de formato em 2006. A semana em que me foi oferecida a possibilidade de voltar a ser Director do jornal, em 5-1-2008, por ocasião do 35º aniversário. O arranque das comemorações dos 40 anos, incluindo a edição especial de 5-1-2013.
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