O anúncio do lançamento do concurso público para a concessão do estacionamento em Aveiro caiu como uma bomba no meio político local e provocou reacções em cadeia contra a operação, mesmo no seio da maioria PSD/CDS. A ponto de a administração da MoveAveiro, liderada pelo vice-presidente da edilidade, o social-democrata Carlos Santos, sentir necessidade de sair em defesa do negócio.
Para a empresa municipal, a controvérsia deve-se à “luta político-partidária de pré-campanha eleitoral”, esclarecendo que o concurso visa cumprir a lei “que obriga à extinção da MoveAveiro, com a consequente alocação das suas diferentes actividades e áreas de negócio a outras entidades”.
Por outro lado, o concurso destina-se a respeitar as “orientações estratégicas” para a empresa aprovadas pelo executivo de Élio Maia, em que a administração ficou obrigada a desenvolver diligências para a concessão do maior número possível das suas áreas de negócio. Nesse âmbito, procura-se “assegurar condições de preferência para a admissão de funcionários” da empresa, diz a MoveAveiro.
A operação, acrescenta a transportadora municipal, pretende ainda garantir a “prestação dos serviços públicos prestados actualmente”. Outro objectivo é conseguir que “a responsabilidade financeira do município na liquidação integral dos respectivos passivos seja a menor possível”.
A operação - em que “todos os riscos e encargos são colocados do lado dos eventuais concorrentes, não existindo nenhuma possibilidade do município e dos cidadãos virem a gastar um cêntimo” - poderá ditar um investimento de cerca de 60 milhões de euros (ver caixa ao lado), assinala a MoveAveiro. “Num momento de crise, se fosse possível conseguir um investimento desta grandeza, inteiramente suportado por privados, seria uma excelente oportunidade”.
O processo está longe de ser consensual mesmo nas hostes sociais-democratas. Um destacado militante, ex-líder concelhio e actual membro dos órgãos sociais e deputado municipal, escreveu ao presidente do PSD/Aveiro a pedir ao partido para “demarcar-se inequivocamente” da operação e avançar com um “voto de protesto”.
Diário de Aveiro |