Rui Santiago, director do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro (UA), perspectiva um “retrocesso histórico” no papel do Estado caso forem avante as reformas defendidas pelo actual Governo. “Neste momento o que se está a tentar discutir é voltar às funções mínimas do Estado que existiam antes dos anos 1930”, disse numa declaração proferida para promover o colóquio “Reforma do Estado”, agendada para esta quarta-feira na UA.
Organizada por docentes e alunos da disciplina de Ética na Administração Pública da licenciatura em Administração Pública, a conferência (15 horas, Complexo Pedagógico) contará com a participação de diversos especialistas da UA.
Rui Santiago teme os efeitos da reforma do Estado, lembrando que Portugal tem, “ainda por cima, uma das sociedades mais desiguais da Europa e até do mundo”.
“Se acabarem com o sistema de saúde, mais de 50 por cento da população portuguesa fica sem possibilidade de aceder a outro tipo de sistema, a menos que comecem a financiar o privado, como já fazem agora com a ADSE”, afirma.
O docente adivinha a “privatização de uma parte do sistema de saúde ou da educação”, implicando, por exemplo, propinas uma ou duas vezes mais caras, como aconteceu em Inglaterra, ou a “diminuição substancial” no acesso aos apoios públicos, como o subsídio de desemprego.
Além de Rui Santiago, intervirão no colóquio Teresa Carvalho, Eduardo Anselmo Castro, Carlos Jalali (Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território) e Carlos Pinho (Departamento de Engenharia e Gestão Industrial).
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