“Foi um bom acordo para quem deve e para quem tem dinheiro a receber”. É desta forma que João?Pedro Dias, especialista em assuntos europeus, reage ao acordo de princípio ontem alcançado em Bruxelas pelos ministros das Finanças da União Europeia, com vista à extensão dos prazos para pagamento dos empréstimos, solicitada por Portugal e Irlanda, no quadro dos respectivos programas de assistência financeira. “Correndo o programa de ajustamento da forma como está a correr, este desfecho era expectável”, considerou o investigador aveirense, em declarações ao Diário de Aveiro. “Se fosse mantido o prazo inicialmente previsto para reembolso do empréstimo que a ‘troika’ nos fez, ia haver anos em que esse reembolso, mais os pagamentos que Portugal tem de fazer do resto da sua dívida pública, iriam andar muito perto dos 15 por cento do PIB (Produto Interno Bruto), o que era de todo incomportável”, notou João Pedro Dias. Assim sendo, considera o investigador, “a prorrogação do prazo de pagamento é uma boa notícia”.“Acaba por funcionar tanto no interesse de quem é devedor, como de quem é credor”, enfatizou, ainda, o especialista em assuntos europeus. Fica a faltar o acordo sobre o déficeNão obstante esta conquista relativa à extensão do prazo para pagamento do empréstimo solicitada por Portugal e Irlanda, João Pedro?Dias lembra que importa, agora, alargar também o “prazo para alcançar os objectivos fixados no memorando de entendimento ao nível do défice”. Portugal comprometeu-se a atingir um défice de três por cento. “Inicialmente, era até 2013, mas esse prazo já foi alargado para 2014, e o Governo estará interessado em pedir que esse prazo seja adiado para 2015”, enquadrou o investigador, ao mesmo tempo que sublinhava que “essa também é uma decisão importante”. Contudo, só em Maio deverá ser conhecido o desfecho final, revelou João Pedro Dias. O investigador falava à margem de uma conferência que proferiu, ontem, à tarde, na Universidade de Aveiro, intitulada “União Europeia: Caminhos do futuro”. Uma iniciativa do Núcleo de Estudantes de Economia da Universidade de Aveiro, que contou com casa cheia. João Pedro?Dias debruçou-se sobre os desafios que a União enfrenta actualmente.
Diário de Aveiro |