QUADRO FINANCEIRO DA UE CONSTITUI UM “PARADOXO”

Os líderes europeus chegaram ontem em Bruxelas a acordo sobre o orçamento comunitário para os próximos sete anos. O Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia (UE) 2014-2020 é, pela primeira vez, inferior ao anterior e tem que ser aprovado pelo Parlamento Europeu. Para João Pedro Dias, investigador aveirense, especialista em estudos europeus, esta redução constitui um “paradoxo”. “O mais grave é que uma União que se está a alargar cada vez mais tem cada vez menos dinheiro para fazer face a uma realidade com cada vez mais países e cidadãos”, comentou o especialista, em declarações ao Diário de Aveiro.
Concretamente no que diz respeito ao caso de Portugal, o plano aprovado representa uma perda de cerca de 18,5 mil milhões de euros em fundos comunitários - comparando com o quadro financeiro anterior (2007-2013), o valor conseguido para Portugal representa uma queda de 9,7 por cento na coesão e na agricultura. Ainda assim, na média europeia essa queda foi agora de 13,1 por cento e na negociação anterior a perda havia sido de 14 por cento.
Sobre a quebra de fundos para Portugal, João Pedro Dias diz que “são más notícias que já eram expectáveis”. “À medida que vão aderindo novos Estados, em nome da solidariedade e da coesão, é normal que Portugal vá começando a receber cada vez menos”, referiu o investigador.
João Pedro Dias faz ainda questão de realçar um outro aspecto relativamente ao acordo alcançado: “Seria de esperar que, numa fase de crise económica dos países da UE, a Uniãoa actuasse em contra-ciclo, que tivesse a capacidade de injectar e transferir meios para os Estados com mais dificuldades”.


Diário de Aveiro


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