A agenda de trabalhos da Assembleia Municipal de Aveiro previa apenas a votação da adesão do município de Ovar à Águas da Região de Aveiro (ADRA), mas acabou por servir de pretexto para uma nova discussão em torno da decisão da Câmara Municipal de Aveiro em aderir à empresa, que será detida em 51 por cento pela Águas de Portugal. Ontem à noite, os deputados municipais voltaram a esgrimir argumentos em torno da criação desta empresa.
Raul Martins, deputado do PS, reiterou as críticas ao “negócio ruinoso” da adesão do município de Aveiro à ADRA. “Os municípios da região ofereceram, por um ´prato de lentilhas', a gestão de um importante recurso estratégico: a água”, comentou o socialista.
Também o Bloco de Esquerda, pela voz de Ivar Corceiro, frisou que, desde a primeira hora, foi contra a transferência da gestão da água para esta empresa. O deputado bloquista recordou a proposta que o seu partido apresentou na Assembleia Municipal de Aveiro e que foi rejeitado por todos os partidos. No mesmo sentido, António Salavessa, do PCP, manifestou a sua objecção à criação da ADRA, assente “na defesa do serviço público”.
O vereador Pedro Ferreira fez questão de responder a todas as críticas, rejeitando, por completo, a ideia de que a autarquia esteja a “entregar um recurso estratégico”. “O que estamos a entregar é a gestão desse recurso. O recurso continuará a ser da câmara”, frisou. Pedro Ferreira afastou ainda o cenário de uma possível privatização da ADRA, explicando que, ainda que a Adp venha a passar para a mão de privados, o Estado terá de passar a sua participação para outras entidades estatais.
Da parte da bancada do PSD, que juntamente com o CDS-PP conseguiu garantir a aprovação do ponto – PS, PCP e BE votaram contra -, Manuel António Coimbra surgiu em defesa da criação da empresa, argumentando que até os trabalhadores da câmara que levantaram dúvidas em relação à sua transferência estão a aceitar a mudança.
O debate de ontem na Assembleia Municipal de Aveiro. Diário de Aveiro |