Ribau Esteves, ex-Secretário Geral do PSD, considera que o partido não está a fazer a leitura correcta da actual situação do País, nem do próprio partido. Diz ser um activista da construção de um partido novo e de uma reforma de funcionamento e por isso encara o aparecimento de três candidaturas à liderança do PSD como mais uma prova de que “o partido está sem rumo”. Primeiro devem ser discutidos os actuais problemas internos do PSD e só depois, entende Ribau Esteves, se deveria falar em futuras lideranças.
“Julgo que o PSD está a fazer tudo mal e, de facto, o partido tem vindo a concentrar a sua vida nestes últimos 15 anos, na discussão de quem é o futuro líder. Não há organização nenhuma. E não há nenhuma empresa, nenhuma família, nenhuma escola ou cooperativa que se governe bem a discutir quem será a próxima pessoa a lidera-la”, diz Ribau Esteves, acrescentando que “esta situação deveria merecer de todos os responsáveis do partido uma atitude diferente para que o partido congregasse os seus e assumisse como primeiro objectivo tratar de si próprio, dar-lhe objectivos. Só desta forma é que o PSD pode, de facto, vir a ser aquilo que o País precisa que é uma alternativa forte, credível e com um projecto de reforma deste Estado que é cada vez mais caro e ineficiente”.
O antigo Secretário Geral do PSD, no mandato de Luís Filipe Menezes, considera ainda que o momento que o País atravessa é “preocupante”. Diz mesmo que o País “está desgovernado” e que é urgente encontrar-se uma solução. Compara a situação actual com uma “telenovela venezuelana”.
“O País vive numa ambiência de telenovela venezuelana, com paixões. Apaixona-se hoje pelas escutas, apaixona-se amanhã por aquilo que o primeiro-ministro terá ou não feito, por um espectáculo diário que não ajuda a mobilizar os portugueses a darem o seu contributo para que o País se fortaleça e possa cuidar bem de si”, defendeu Ribau Esteves.
São precisas novas vozes e o, também autarca de Ílhavo, diz querer estar “no grupo desses gritos novos”. “Quero fazer parte dessa gente que irá gritar que este caminho está errado e que tem de ser profundamente mudado. Era importante que o PSD estivesse nesse caminho, assumisse essa condição e não andasse ele próprio numa telenovela interna”, acrescentou.
Quanto ao possível apoio a uma das três candidaturas já conhecidas (Paulo Rangel, Aguiar Branco e Pedro Passos Coelho), Ribau Esteves volta a defender que ainda não é o tempo de se falar do futuro líder. Primeiro é preciso organizar o partido e por isso defende a realização de um congresso antes das eleições directas. Diário de Aveiro |