As relações entre a Câmara Municipal de Aveiro e o Beira-Mar continuam a dar que falar. Depois do muito badalado “negócio dos terrenos das piscinas”, está agora em causa o possível desaparecimento do clube. A grave situação financeira do Beira-Mar e o vazio administrativo conduzem o clube para uma situação complicada que, e de acordo com algumas notícias, precisava da ajuda da autarquia. Reuniões entre ex-dirigentes e o presidente da Câmara não têm dado os frutos necessários e aguarda-se por outras decisões.
Alguns dos partidos com assento na assembleia municipal de Aveiro lamentam a situação que o clube atravessa e no que toca ao negócio dos terrenos, as opiniões dividem-se. Manuel António Coimbra, do PSD, considera que se tratou de um bom negócio, que ajudou o clube quando precisava e libertou a câmara de alguns dos protocolos.
“O Beira-Mar fez com o terreno aquilo que muito bem entendeu que foi vende-lo. Mas é preciso referir que o clube vendeu o terreno e as piscinas, mas o que a câmara lhe vendeu foi apenas o terreno, que são coisas diferentes. Quando se diz que houve mais-valias, que o Beira-Mar comprou por um preço e vendeu por outro, é preciso ter em conta que uma coisa é o preço do terreno e outra é o terreno e as piscinas”, explicou Manuel António Coimbra, acrescentando que “este negócio não pode ser dissociado dos protocolos existentes que obrigavam a que a a autarquia desse ao Beira-Mar meio milhão de euros durante 20 anos”, considerando, por isso, que se pode falar de um bom negócio para ambas as partes.
As explicações de Manuel António Coimbra não foram suficientes, no entender de Rui Maio, do Bloco de Esquerda. Continua a estranhar os contornos deste negócio, feito numa madrugada do mês de Julho. “Não acho nada normal e acho mesmo estranho que a câmara venda ao Beira-Mar numa madrugada e que umas horas depois o clube tenha vendido à empresa Nível II”, disse Rui Maio, discordando de Coimbra quando diz que “se trata da mesma coisa”. “Se o terreno é vendido ao Beira-Mar e se as piscinas estão nesse mesmo terreno, não se pode fugir a esta situação”, acrescentou o representante do Bloco de Esquerda.
Já Filipe Guerra, do PCP, espera que a situação se resolva em breve, tendo em conta a importância do Beira-Mar para a cidade e a região. Considera ainda, e no que toca ao negócio dos terrenos, que ou se encontram irregularidades jurídicas no negócio, ou então tudo o que se tem falado não passa de “fogo de artifício”.
“As relações entre a câmara e o Beira-Mar caracterizam-se, de facto, por um conjunto de protocolos. Mas é preciso referir que os incumprimentos dos protocolos não são só da responsabilidade deste executivo, os anteriores também têm a sua culpa. Houve um avolumar de uma situação degradante e degrada que contribuiu para um clube que está nas ruas da amargura. É neste momento conturbado que o Beira-Mar se vê obrigado a realizar este negócio, mas ou se encontra algo do ponto de vista jurídico que comprove que houve irregularidades, ou então não há assunto e tudo não passa de fogo de artifício”, argumentou Filipe Guerra.
O debate na última edição do programa Canal Central. O PS e o CDS-PP não compareceram no programa. Diário de Aveiro |