Beatriz Reis está no seu último mandato à frente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Aveiro (CPCJ/Aveiro), que está a comemorar 20 anos de existência. Esta é uma estrutura “que existe para ajudar crianças e jovens em risco”, mas também, actuando a montante, para sensibilizar a comunidade em geral para as várias situações de perigo, para a importância da denúncia responsável e para a divulgação das várias respostas que estão disponíveis. Professora de Filosofia a exercer numa secundária da cidade, Beatriz Reis dedica uma parte do seu horário de trabalho à CPCJ/Aveiro e classifica a experiência como “muito rica e ímpar, mas também muito desgastante emocionalmente. Nem sempre conseguimos deixar os casos na comissão e acabamos por os levar para casa”, concordando com o limite máximo de seis anos que é imposto ao cargo.
A funcionar há 20 anos em Aveiro, desta instituição faz parte uma Comissão Alargada, com 27 representantes das áreas da saúde, serviço social, psicologia, ensino… entre outros, e ainda a Comissão Restrita, com nove elementos, que se encarregam dos atendimentos (no âmbito da intervenção processual e ao público em geral, 681), reuniões ordinárias e extraordinárias (37), diligência de ofícios (4.307), visitas domiciliárias (301) e promoção de reuniões inter-serviços (com escolas, IPSS, autoridades policiais, serviços de saúde, entidades judiciais…, 205), de acordo com o relatório anual relativo a 2011. Breatriz Reis destaca ainda o facto da maioria dos 214 processos abertos estarem ligados a situações de negligência, aliás seguindo a tendência nacional, seguida pelo abandono e absentismo escolar, maus tratos físicos e psicológicos, abusos sexuais, consumos de bebidas alcoólicas ou estupefacientes, bullying… A freguesia de Esgueira lidera o gráfico da preponderância de casos, com 47 situações, seguida pela Glória (21), Eixo (18), Cacia (14), Santa Joana (11)… até Nariz, com apenas duas situações registadas.
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