Os responsáveis pela proposta de requalificação da avenida Dr. Lourenço Peixinho, em Aveiro, garantem que as soluções apresentadas podem ser implementadas neste momento ou aguardar por melhores momentos quando houver financiamento. A empreitada poderá rondar os 3 a 4 milhões de euros ainda sem fonte de financiamento.
Jorge Carvalho foi questionado na Assembleia Municipal, esta quarta-feira à noite, sobre a “validade” do projeto no caso de ser necessário fazer um compasso de espera na execução da obra, devido às dificuldades da conjuntura.
A equipa técnica, onde se inclui como colaborador o arquiteto Bruno Soares, autor do plano estratégico de Aveiro, voltou a dar conta das suas ideias para o principal eixo citadino, desta vez num ponto da ordem de trabalho agendado pela Câmara antes da aprovação pela vereação, ainda em data não anunciada.
“Não sabemos quando se ira executar”, admitiu o coordenador, confirmando também que a equipa não foi consultada pela Câmara sobre o plano de concessão de outros parques de estacionamento, nomeadamente na zona do Rossio, que podem ter influência no programa de requalificação. “Não são inóquos”, alertou.
Apesar de associado a uma concessão de estacionamento subterrâneo, na zona do túnel da estação, a verba do negócio poderá não chegar para a despesa. Quanto aos traços da proposta, os deputados voltaram a dividir-se.
Em jeito de balanço do debate político, Olinto Ravara, do PSD, deixou nota positiva à proposta técnica: “É a que se nos afigura mais razoável e aquela que salvaguarda os interesses de Aveiro”. Paulo Anes, também da bancada social democrata, desvinculou-se daquela opinião por não aceitar erros já apontados.
Se a assembleia fosse chamada a votar, poderia haver surpresa ou menos divisões na maioria. “Fico contente que se discutiu e não houve votação. Este assunto é importante. Tem a importência que há uns anos teve a construção do estádio”, disse Susana Esteves.
O presidente da Junta da Glória, eleito pelo PSD, comentou a proposta em tom crítico. “Há 100 anos Lourenço Peixinho teve visão de futuro e quis uma avenida. Nós queremos fechar a avenida”.
Ernesto Barros, do CDS, não entende usar um túnel quase novo para estacionamento. “O túnel não é para servir de parque de estacionamento”.
Além disso, pode ser um mau negócio, antevê o comunista Manuel Reis: “A concessão na cidade não vai ser suficiente para suportar os custos da obra”.
Para a bloquista Joana Dias, apesar de agradada com a inversão da influência do automóvel no centro da cidade. “O BE rejeita a solução de mais um parque de estacionamento subterrâneo.
Élio Maia faltou à assembleia e Gonçalo Fonseca, pelo PS, não deixou de exigir respostas sobre prazo e financiamento da obra, insistindo junto do vice-presidente numa troca de adjetivos mais azeda.
A proposta de requalificação volta à Câmara para votação final.
O vice-presidente da Câmara de Aveiro, Carlos Santos, dá como exemplo uma intervenção em Pontevedra, na Galiza, que está na linha do que foi estudado para Aveiro.
“É um projeto louvável tirar tanto a influência do carro da cidade. Em Pontevedra, em termos de mobilidade e acessibilidade, o carro circula devagar. Quem reside pode circular e movimenta-se com os carros. Não me parece que o projeto impeça isso”.
A proposta será votada em reunião de Câmara. Diário de Aveiro |