A Universidade de Aveiro desenvolveu um produto de ajuda à aprendizagem da língua portuguesa para imigrantes. Chama-se “Aprender português é tão fácil” e é um CD-Rom multimédia.Uma inovadora ferramenta de apoio à aprendizagem do português como língua estrangeira.
O projeto, concebido por uma equipa de investigadores do Departamento de Educação (DE) da Universidade de Aveiro, nasceu especialmente a pensar nos alunos até aos 15 anos de idade que não têm o português como língua materna. O conteúdo do CD-Rom é mesmo a única ferramenta que contraria a ausência de recursos e de programas educativos, no âmbito da didática das línguas em Portugal, para os filhos de imigrantes que, por terem chegado a Portugal já crescidas, e com uma base cultural e linguística distinta, necessitam de estímulo e de apoio na aprendizagem da língua lusa.
Constituído por tarefas de leitura, oficinas de escrita, exercícios, jogos, informação cultural e curiosidades, o programa está dividido em 15 unidades didáticas. “Em cada uma delas trabalham-se todas as competências, essencialmente dentro da leitura, da escrita, da compreensão oral e da consciência fonológica”, aponta Sandra Figueiredo, investigadora do DE.
A autora do “Aprender português é tão fácil”, um trabalho supervisionado por Carlos Fernandes da Silva, investigador do DE, sublinha que o treino da compreensão oral e da consciência fonologia da língua lusa é mesmo “a grande aposta do projeto, já que o português, por ser uma língua alfabética, é de difícil apreensão para crianças cuja língua materna é, por exemplo, o mandarim”.
O CD-Rom, aponta a investigadora, visa sobretudo locutores de 10 línguas, como os exemplos das línguas romena, russa, ucraniana, árabe e chinesa, nas quais estão traduzidos e sonorizados todos os enunciados.
“Navegar com o CD-Rom é bastante fácil”, garante Sandra Figueiredo. “Como o próprio nome indica, aprender português é bastante fácil com dispositivos adequados como os que estão incluídos no projeto e que têm em conta os destinatários. Por isso, todo o material tem uma linguagem bastante acessível”, descreve a investigadora.
Perante a certeza de que Portugal é hoje um país de destino para muitos milhares de trabalhadores estrangeiros, a ideia para a conceção do CD-Rom surgiu da constatação de Sandra Figueiredo de que “o país não tem medidas que possam dar apoio às crianças que vêm para cá” com os pais. “Portugal ainda está muito imberbe no que diz respeito a dispositivos educativos a pensar na população imigrante”, aponta.
Diz a especialista em Educação que, por exemplo, os apoios nas escolas não estão preparados para alunos filhos de imigrantes. “Nas escolas, o português só é encarado como língua materna e são poucas as que têm programas de apoio para os estudantes que não têm como língua materna o português”, aponta Sandra Figueiredo. E normalmente, revela a responsável, “essas crianças são inseridas em programas de apoio juntamente com alunos com dislexia ou com hiperatividade, realidades que nada estão ligadas”. Diário de Aveiro |