VAGOS OPEN AIR: O TRIUNFO DO “METAL”

Como já é hábito no primeiro fim-de-semana de Agosto, o campo de futebol do G. D. de Calvão, em Vagos, voltou a ser destino de romagem da comunidade metaleira para aquele que é já, e sem qualquer exagero, o grande festival de verão de metal da Península Ibérica.
Apesar do ligeiro decréscimo na assistência em relação à edição de 2011, este 4.o Vagos Open Air registou visíveis melhorias em quase todos os aspectos organizativos, para além de contar com mais um cartaz de luxo.
Os portugueses Disaffected fizeram soar os primeiros “riffs” e, apesar de não terem tido muita sorte com a qualidade do som, provaram que o tempo não lhes roubou a inspiração e que a música que fazem agora (presente no novo álbum “Rebirth”) é pelo menos tão desafiante quanto a que fizeram no passado. Seriam, no entanto, os espanhóis Northland, com o seu folk metal festivo, os primeiros a criar alguma agitação nas hostes do Vagos, logo seguidos pelos suiços Eluveite, que contagiaram com a sua sonoridade enriquecida por instrumentos tradicionais como a gaita de foles, o “hurdy-gurdy”, o violino e a flauta.
Já com o cair da noite chegaram os Enslaved. Com uma actuação plena de autenticidade e entrega, pontuada pela boa disposição de Grutle Kjellsson e pelo virtuosismo de Ice Dale, a banda norueguesa revisitou, em especial, a discografia entre “Below the Lights” e “Axioma Ethica Odini”, surpreendendo até com uma inesperada “cover” do clássico “Immigrant song”, dos Led Zeppelin.
Os momentos seguintes foram preenchidos com a fantasia e o vanguardismo subversivo dos Arcturus, num espectáculo “sui generis” marcado pela figura de ICS Vortex a mover-se em palco como um demente e centrado no revolucionário “La Masquerade Infernale”. Embora a música da banda norueguesa seja das que menos se presta aos ambientes festivaleiros, foi interessante vê-los a interpretar temas tão marcantes há 15 anos atrás.
Já perto da meia-noite, a Lagoa de Calvão testemunhou mais um momento histórico: a estreia em solo nacional dos lendários At The Gates, que com um profissionalismo irrepreensível arrasaram literalmente o auditório com o seu inequívoco death metal, cuspindo ferozmente mais de uma dezena de temas seleccionados de entre “Terminal Spirit Disease” e “Slaughter of the Soul”.
A primeira jornada do Vagos terminaria em apoteose com os convidados Nasum que – segundo quem os viu – assinaram uma das melhores performances até a essa altura.


Diário de Aveiro


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