Alexandre Ventura, especialista em Ciências da Educação e docente do Departamento de Educação da Universidade de Aveiro (UA), concorda, em termos gerais, com esta decisão do Ministério da Educação e Ciência de encerrar 239 escolas do 1.o Ciclo do Ensino Básico, no âmbito do processo de reorganização da rede escolar. O investigador aveirense, que assumiu o cargo de Secretário de Estado Adjunto da Educação na anterior legislatura – mas que recusa proferir quaisquer comentários na qualidade de ex-governante –, diz estar de acordo com o fecho “sempre que se trate de uma escola com um número reduzido de alunos, um ou dois professores, isoladas, e sem meios educativos diversificados”.
Em declarações ao Diário de Aveiro, o especialista em Ciências da Educação defende, assim, o encerramento de escolas que constituam “situações de guetos, quer em termos educativos, quer em termos sociológicos”. “Concordo que essas escolas sejam encerradas e as crianças sejam transferidas para outras onde têm acesso a um maior conjunto de meios educativos e também convívio com muitas mais crianças e adultos, algo que também enriquece esta fase de educação”, afirmou Alexandre Ventura.
Ainda que se escuse a comentar o caso concreto de cada uma das mais de 200 escolas que vão encerrar, por não conhecer “caso a caso”, o especialista em Ciências da Educação vê vantagens nesta aposta que está vertida na reorganização da rede escolar. Tanto mais porque “a verdade é que estamos a atravessar uma crise profunda e, compreensivelmente, o Governo tem de procurar fazer uma racionalização de todos os bens públicos”, advertiu.
Já no que concerne à questão dos mega-agrupamentos, justificados precisamente com base no critério da racionalização de custos, Alexandre Ventura diz ter uma perspectiva diferente. “Se no caso do encerramento das escolas do 1.o Ciclo até estou globalmente a favor, já no que diz respeito aos mega-agrupamentos não estou de acordo”, introduziu. “Ainda que nalguns casos a agregação de escolas até faz sentido, pois são estabelecimentos de ensino que estão a escassos metros uns dos outros ou até são contíguos, noutras situações são agremiações contra-natura”, alertou o docente da UA, ao mesmo tempo que frisava que, nesses casos, haverá “um prejuízo para todos os que estão envolvidos, alunos, encarregados de educação, professores e muito particularmente os gestores das escolas”.
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