É o anjo da guarda dos automobilistas e já está a ser instalado em 500 táxis da cidade do Porto. Chama-se Drive-IN, tem a mão tecnológica do Instituto de Telecomunicações (IT) da Universidade de Aveiro (UA) e faz tudo pelos condutores menos… tirar-lhes um café. O exagero não fica a grande distância da realidade. O Drive-IN é um sistema que permite aos automóveis, sem intervenção humana, trocarem entre si informações sobre o trânsito e vias alternativas em função do destino, para que o condutor possa tomar a melhor opção. Velocidades e travagens de carros nas proximidades, acidentes, obstáculos e estado das vias são outras das informações, registadas e difundidas em rede pelos próprios veículos, às quais o condutor acede em tempo real. A tecnologia desenvolvida pela UA permite também enviar informações sobre qualquer problema mecânico, quer para os carros em redor quer para uma oficina e serviços de reboque. Simultaneamente, o próprio carro, em caso de acidente, alerta os serviços de emergência médica, indicando o local onde se encontra o condutor em apuros, enquanto avisa os veículos que circulam nas proximidades. Mas há mais funcionalidades do "copiloto" desenvolvido por aquela unidade de investigação do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) da UA. «Antes de ultrapassar um camião, se este tiver uma câmara no para-brisas apontada para a frente, o condutor do veículo que quer ultrapassar pode ter acesso a esta imagem e efetuar a manobra em segurança», explica Susana Sargento, uma das coordenadoras do projeto do IT. À lista de aplicações do Drive-IN, acrescente-se ainda o sistema de videoconferência entre veículos, o entretinimento que os passageiros obtêm com o acesso à internet e a disseminação de informações sobre múltiplos locais de interesse da localidade onde se encontra o veículo. O segredo do Drive-IN, que é a chave da troca de informações entre veículos em tempo real, é um router-wireless desenvolvido pelo IT. Este "não só permite que os condutores tenham acesso à internet dentro do automóvel, através de um normal recetor, seja um telemóvel, um computador portátil ou um tablet, onde recebem toda a informação partilhada pelos outros veículos, como também, noutro sentido, permite difundir os próprios dados recolhidos pelo veículo", aponta a docente do DETI. Esta tecnologia desenvolvida em Aveiro, ao contrário de outros meios de comunicação sem fios «que não permitem ter a dinâmica e velocidades das redes veiculares» e ao contrário de outras tecnologias semelhantes desenvolvidas a nível mundial "que têm menos funcionalidades e precisam de duas placas de comunicação para ter tipos de serviços diferentes", tem como meta a sua inclusão em série nos automóveis. O preço do equipamento é outra das grandes vantagens do Drive-IN em comparação com os equipamentos disponíveis actualmente pelo facto de ter sido desenvolvido por completo no IT: "A possibilidade de sermos os primeiros a nível mundial a termos um demonstrador com 500 veículos deve-se ao facto de termos tecnologia própria e 10 vezes abaixo do preço actual de custo, o que nos dá uma imensa vantagem competitiva a nível científico", afirma Susana Sargento. O projeto Drive-IN, cuja tecnologia de comunicações veiculares foi desenvolvida de raiz na UA, conta com a colaboração das universidades do Porto e de Carnegie Mellon (EUA), o Instituto de Telecomunicações e as empresas N-DRIVE e GeoLink. Diário de Aveiro |