PENA SUSPENSA PARA MESTRES DE EMBARCAÇÕES QUE COLIDIRAM. ADVOGADO DIZ QUE RISCO NA RIA É ELEVADO.

O tribunal de Aveiro suspendeu as penas de cadeia aplicadas pelo crime de homicídio por negligência na forma grosseira a Manuel Silva e Albino Cunha, mestres, respetivamente, dos barcos "Alquimia do Mar" e "Vera e Cristiana" que colidiram a 27 de Setembro de 2009, numa madrugada com nevoeiro cerrado, junto à baía de S. Jacinto, causando três mortos, entre os quais uma criança de 12 anos.

A sentença dá como provado que Manuel Silva, que ia ao leme do Alquimia do Mar, no regresso de uma viagem ao molhe Norte, circulava a 15 nós, três vezes mais do que o permitido, com a agravante da visibilidade, na altura, estar reduzida a seis metros, ou menos. Teve, por isso, maior contributo para o acidente.

Já Albino Cunha, foi apanhado em contra-mão a sair com excesso de lotação, o barco virou e morreram três dos ocupantes.

O tribunal condenou o primeiro a quatro anos e o segundo a três anos de prisão, penas que ficam suspensas.

Carlos Morais Leitão, advogado que representava a família da vítima mais nova, admitiu que esperava mais da decisão, considerando que ainda hoje permanece o perigo para quem anda na ria.

“Vou analisar os fundamentos do acórdão para saber se há recurso. Ficou provado que um novo acidente está iminente porque ninguém fiscaliza a circulação na ria e na ria toda a gente continua a circular em contramão e em excesso de velocidade”.

Embora sem "querer comentar", fonte oficial da Capitania do Porto de Aveiro desdramatizou a declaração do advogado garantindo "a segurança" do tráfego.

Os meios da polícia marítima estão vigilantes "intervindo em caso de ilicitudes". Na Ria de Aveiro circulam cerca de 5 a 6 mil barcos de recreio e mais 700 embarcações de pesca local.


Diário de Aveiro


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