Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro de Portugal, alertou ontem que “cada vez mais” é preciso “resistir à tentação centralista” que “vem do anterior Governo” e que “parece fazer escola” na actual coligação PSD/CDS. O responsável dá o exemplo da própria instituição que dirige para ilustrar os benefícios da “descentralização” acompanhada pelo “reforço de competências”.
As declarações foram proferidas na sequência da declaração conjunta da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), Comunidade Portuária de Aveiro, Associação Industrial do Distrito de Aveiro (AIDA) e Universidade de Aveiro (UA) em defesa da autonomia do porto de Aveiro.
Perante a perspectiva de a gestão do porto de Aveiro ser transferida para uma nova empresa responsável pela administração das estruturas portuárias do norte do país (onde ainda caberão Leixões, Viana do Castelo e Figueira da Foz), aquele conjunto de instituições locais uniu-se na elaboração de um documento conjunto cuja principal mensagem é “nós, em Aveiro, cuidamos muito melhor daquilo que existe em Aveiro”.
Pedro Machado concorda com o teor do texto conjunto. O social-democrata sustenta que o porto de Aveiro é uma “referência nacional e internacional” com “impactos directos na economia”. Os resultados da sua gestão autónoma devem ser acarinhados pela tutela, defende. “As boas práticas devem continuar. O Governo deve corrigir o que corre mal e consolidar o que funciona bem”, observa.
Para Pedro Machado, o porto de Aveiro desempenha um papel importante no “reforço da competitividade” da região e é visto como um “factor de atractividade”, sobretudo em relação a Espanha.
Também Filipe Neto Brandão, deputado socialista aveirense, lembra que o PS já apresentou um projecto de resolução onde pede ao Governo que mantenha a autonomia de gestão dos portos e rejeita a criação de uma entidade única para gerir as infra-estruturas portuárias. “É com satisfação que vemos a nossa posição ser agora secundada pela comunidade local”, afirmou o antigo governador civil de Aveiro. “Somos contrários ao modelo uno de gestão dos portos e por maioria de razão do porto de Aveiro”, acrescentou.
No documento da CIRA, Comunidade Portuária, AIDA e UA é dito que “o problema dos portos em Portugal não está em quem manda”. “Basta apenas olhar para os resultados líquidos positivos, baixo ou mesmo nulo endividamento, cumprimento dos prazos de pagamento e diminuição contínua dos gastos operacionais”.
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