“Os cursos de hoje dão ferramentas que, com inteligência, servem para construir uma actividade, mas não formam ninguém para uma profissão”, advertiu o empresário Manuel Serrão durante um seminário em Aveiro.
“Sou o feirante mais antigo do país, não tirei nenhum curso para isso, aprendi com os erros. Quem sabe aprender com os erros está no bom caminho”, acrescentou o mentor do Portugal Fashion, que falava na conferência “Imagem e Identidade nas Instituições/Organizações”, promovida pelos alunos finalistas da licenciatura em Comunicação do Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração (ISCIA).
Para Manuel Serrão, a “comunicação” é uma ferramenta essencial. “As pessoas que se sabem ‘vender’ têm uma capacidade de afirmação que as outras não têm”, disse.
Segundo o empresário, “ainda há muito mercado para a assessoria de empresas” no sector da comunicação, área que “é tratada ao nível do lixo e faz muita, muita falta”.
O orador defende, por outro lado, que as pessoas devem promover-se melhor individualmente. “É uma oportunidade muito pouco explorada, a das marcas pessoais. Há pessoas, não necessariamente figuras públicas, que têm possibilidade de fazer uma marca pessoal. Só não a fazem porque não conhecem o valor de ter uma marca pessoal, a forma como isso pode melhorar a sua actividade, seja ela de electricista, canalizador, médico ou engenheiro”, afirmou.
Perante os actuais números do desemprego, nomeadamente o que afecta os jovens licenciados, Manuel Serrão desafiou aqueles que procuram trabalho a surpreenderem os seus potenciais empregadores, não se limitando a enviar currículos previamente formatados. Conhecer bem a empresa a que se candidatam, sublinhando de que forma pretendem efectivamente contribuir para o seu futuro, pode fazer a diferença.
Por outro lado, adicionou, “o trabalho não se esgota no emprego”. “Há um vasto conjunto de oportunidades que pode ser criado pelos próprios candidatos”, frisou.
Questionado sobre o valor das redes sociais, Manuel Serrão, que não tem conta no Facebook, acredita que estas ferramentas podem ser úteis para as empresas. Ainda assim, as redes sociais não substituem uma boa página electrónica. “Antigamente, a primeira impressão que se tinha de uma empresa era a fachada e a recepção. Hoje essa é a função do ‘site’”, avaliou.
Já no contexto pessoal, avisou que o Facebook e outros serviços semelhantes podem gerar “muitos arrependidos”, sustentando que a partilha de informações, fotografias e estados de alma deviam ficar fora das redes sociais.
Além de Manuel Serrão, a conferência contou com a participação das professoras Dina Baptista e Helena Valente (coordenadoras da licenciatura de Comunicação e de estágios e projectos formativos, respectivamente) e da aluna finalista Elisabete Matos.
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