A vereadora Ana Vitória Neves alerta para a “hipótese de despedimento colectivo por extinção do posto de trabalho” na MoveAveiro, caso se concretize a concessão a privados, por 60 anos, de uma parte importante do estacionamento público tarifado da cidade.
A antiga titular da pasta das finanças municipais diz que a MoveAveiro tem estado a “contratar fiscais” mas “agora altera a rota”, aludindo à transferência do serviço para privados, o que poderá ditar a perda de emprego para alguns funcionários.
A autarca, eleita pela coligação PSD/CDS mas que entretanto perdeu a confiança política de Élio Maia, presidente da Câmara, votou contra a concessão alegando não ter tido tempo suficiente para analisar uma proposta “complexa” e que “requer amadurecimento”.
Ana Vitória Neves admite, ainda assim, vir a “apoiar” o modelo proposto, depois de inicialmente ter tido uma “opinião menos positiva”. Para isso, no entanto, é necessário “encontrar fundamentos” e “rever alguns pressupostos” que não merecem a sua concordância.
“À partida e sem mais informação que a justifique”, a concessão por 60 anos é “excessiva”, avalia a vereadora. “Acredito que exista uma razão técnica que aponte para esse tempo, nomeadamente o equilíbrio do investimento do concessionário. Todavia, tal carece de demonstração. Se existem estudos económicos, e espero que existam, é necessário conhecê-los”, assinala.
A economista receia, por outro lado, que ao fim de 60 anos os quatro novos parques de estacionamento subterrâneo previstos na concessão estejam “obsoletos”. “Receio que em vez de reverter para a autarquia um equipamento produtivo, a autarquia esteja a receber uma estrutura do tipo peso morto”.
Para a autarca, é também “essencial” concluir e “consensualizar junto da população aveirense” a proposta de intervenção na Avenida Dr. Lourenço Peixinho.
A eleita considera ainda que se trata de uma proposta “perigosa” na medida em que existe uma “concentração de risco”, que poderia ser atenuada através de uma “concessão por zonas”.
Por outro lado, a proposta da maioria PSD/CDS - que contou igualmente com os votos contra dos vereadores socialistas - prevê que o concessionário terá direito à reposição do equilíbrio económico do contrato. “Gostaria de algum debate e salvaguardas em torno desta questão”, frisa Ana Vitória Neves, que quer ainda conhecer o “valor estimado a pagar pelo direito de superfície, incluído no valor da renda anual”.
A vereadora alertou também para a “perda de receita” da MoveAveiro, embora isso possa ser superado através de “outros meios de compensar” a empresa municipal.
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