Pedro Nuno Santos considera que o PS deve apresentar uma “nova geração de políticos” nas eleições autárquicas de 2013. Líder distrital do partido há dois anos, o deputado tem-se batido por uma “profunda renovação dos quadros” e pela emergência de uma “nova geração de dirigentes” socialistas. Esse trabalho deve ter continuidade nas eleições municipais do próximo ano, afirmou ontem em Aveiro durante a apresentação da sua recandidatura à federação distrital.
Caso seja eleito, o economista de São João da Madeira irá “estimular” as estruturas concelhias a apostarem na renovação das listas de candidatos aos vários órgãos autárquicos, sendo certo que, no que diz respeito aos actuais seis presidentes de câmara do PS, apenas os de Sever do Vouga e da Mealhada estão legalmente impedidos de voltarem a concorrer.
O trabalho com as organizações locais do partido começará a ser feito após as eleições internas do próximo mês de forma a preparar “candidaturas vencedora”. O objectivo é aumentar o número de municípios dirigidos pelos socialistas “para fazer melhor” do que as actuais maiorias. “Não queremos vencer por vencer”, afiança.
Com as eleições nos municípios como “primeira prioridade” para o novo mandato, Pedro Nuno Santos quer empenhar-se numa “nova era em matéria de gestão autárquica”, com realce para a acção social (onde o PS deve diferenciar-se do comportamento “caritativo” da “direita”), para a “política de competitividade local” e para o aprofundamento da “democracia participativa”.
No actual mandato, uma “nova atitude” valeu a “reaproximação” da federação distrital às comissões concelhias e aos autarcas. Além disso, o PS/Aveiro tornou-se numa voz “ouvida e respeitada” no “plano nacional”. “Muitos dos que acompanham a política em Aveiro terão dificuldades em identificar os líderes distritais dos outros partidos. Isso não acontece com o PS”, declarou.
Pedro Nuno Santos reconhece, porém, que “o projecto está longe de estar terminado” e por isso avança para mais dois anos à frente da federação. Um dos compromissos é não se alhear dos debates internos do PS, porque a federação “não se deve limitar às fronteiras do distrito” e porque esse papel não cabe “apenas a alguns dirigentes nacionais”.
O deputado dispõe-se ainda a “lutar por um PS de esquerda” que combata a “direita mais conservadora que Portugal alguma vez conheceu” e que é responsável por uma “estratégia falhada de resposta à crise”.
A candidatura de Helena Terra é encarada com “naturalidade democrática”.
"Como uma divindade"
Helena Terra diz que a federação distrital do PS é hoje olhada “como uma divindade”. “É como um ser superior que sabemos que existe, mesmo que não o sabemos explicar”, referiu na apresentação da sua candidatura, prometendo tornar a comissão distrital “viva, actuante e o motor do debate político na região”.
A ex-directora distrital da Segurança Social salientou que foi pressionada a candidatar-se por “históricos” do partido ou por “desiludidos” com Pedro Nuno Santos. “Não sou capaz de dizer não ao partido”, afirmou. “Já ganhei e já perdi eleições. Concorro para ganhar e sinto que o posso fazer”.
Um dos objectivos é “preparar novos quadros políticos” para responder ao “desgaste evidente” de “alguns” dirigentes actuais.
Por outro lado, a antiga vereadora em Oliveira de Azeméis quer reforçar o poder do PS nas autarquias em 2013. Helena Terra conta “destronar o PSD do maior número de câmaras”, aproveitando o “fim de linha” de vários autarcas sociais-democratas e o efeito da erosão do Governo.
Para a advogada, “o PS tem de assumir os interesses dos seus autarcas” na Área Metropolitana do Porto e na Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, que Ribau Esteves, autarca do PSD de Ílhavo, usa como “patamar de promoção pessoal”.
Helena Terra enumerou também as “lutas” que o partido terá de travar no distrito, do mapa judiciário à saúde, das portagens nas ex-SCUT à rede viária, da agricultura e pesca ao porto de Aveiro.
A candidata espera ainda aumentar a influência nacional da federação de Aveiro. “Alguém se lembra de alguém do distrito no Secretariado?”, questionou.
Sobre a organização da comissão distrital, prometeu criar uma “equipa alargada” com “grupos especializados por áreas de intervenção”.
A antiga parlamentar falou ainda em “criar uma nova cultura política” e deixou um recado: “O PS não precisa de sindicatos de voto ao serviço de nada nem de ninguém”.
Prometeu ainda combater o Governo, que é “fiel aos ditames do mais puro neo-liberalismo”, e denunciou a “crise ideológica e ética”. “Nunca como hoje são tão notórias as diferenças entre a esquerda e a direita. Precisamos de ideias de esquerda”, assinalou.
Fez ainda a defesa do anterior governo socialista chefiado por José Sócrates: “Nem tudo foi perfeito, mas promoveu inúmeras alterações de que nos podemos orgulhar”.
A sessão contou com alguns líderes concelhios, como Marisa Macedo (Estarreja) ou José Mota (Espinho). Gil Nadais, líder do município de Águeda, ou José Costa, cabeça-de-lista à Câmara de Aveiro em 2009, foram outras personalidades presentes. Foi ainda anunciado o apoio de Afonso Candal, ex-líder distrital do partido.
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