O Dia da Europa volta a ser assinalado amanhã, invocando o dia 9 de Maio de 1950, data em que nasceu a Europa comunitária. Foi nesse preciso dia – e numa altura em que a perspectiva de uma terceira guerra mundial angustiava toda a Europa – que foi lida, em Paris, a Declaração Schuman.
A declaração redigida por Jean Monnet, comentada e lida à imprensa por Robert Schuman, ministro dos Negócios Estrangeiros da França, sustentava que, “através da colocação em comum de produções de base e da instituição de uma Alta Autoridade nova, cujas decisões ligarão a França, a Alemanha e os países que a ela aderirem, esta proposta constituirá a primeira base concreta de uma federação europeia, indispensável à preservação da paz”.
Estava, assim, proposta a criação de uma instituição europeia supranacional, incumbida de gerir as matérias-primas que nessa altura constituíam a base do poderio militar - o carvão e o aço – ideia que acabou por ser acolhida pela Alemanha, Itália, Países Baixos, Bélgica e Luxemburgo, além da França. É esse primeiro passo para a construção do projecto europeu que é invocado, anualmente, a 9 de Maio pelas instituições europeias e por cada um dos estados-membros.
Para os políticos aveirenses que passaram pelo Parlamento Europeu a comemoração deste dia continua a fazer todo o sentido, ainda mais num momento de crise profunda. Regina Bastos (PSD) assume, claramente, que “este dia faz hoje mais sentido do que nunca”. Actualmente a cumprir um novo mandato no Parlamento Europeu – Regina Bastos já tinha desempenhado as funções de eurodeputada entre 2000 e 2004 -, a social-democrata faz questão de sublinhar o facto de a União Europeia constituir “um projecto de generosidade dos maiores em relação aos países mais pequenos”.
Isolados seria “mais difícil”
No caso concreto da situação que Portugal enfrenta actualmente, sustenta Regina Bastos, “se não pertencêssemos à União Europeia e não tivéssemos aderido à moeda única, seria muito mais difícil”. “Esta integração não só nos traz vantagens, como nos dá uma ancoragem e um sustentáculo para enfrentar a crise que não teríamos sozinhos”, defende a eurodeputada, acrescentando: “Vivemos num mundo globalizado e com a concorrência da China e da Índia, e o crescimento do Brasil, Portugal seria uma irrelevância completa”.
Armando França, outro dos aveirenses que passou pelo Parlamento Europeu – mais concretamente entre 2007 e 2009 – também surge em defesa do “processo de construção europeia” e de “um projecto político comum”. Também olhando ao momento que Portugal atravessa, o socialista aveirense sublinha que “só integrados na União Europeia e trabalhando em cooperação no plano financeiro, económico e político, é que teremos maiores possibilidades de sair deste período de dificuldades”.
Apenas deixa um alerta: “Há uma hegemonia da Alemanha, França e Inglaterra que importará combater”. “Enquanto estive no Parlamento Europeu, detectei que existiam alguns egoísmos nacionais. Esses estados-membros sempre optaram pelas soluções mais interessantes a nível nacional, em detrimento do interesse colectivo”, justificou o socialista aveirense. Ainda assim, Armando França considera que este factor não deve ser “motivo para desacreditar na União Europeia”, mas antes um cenário a combater.
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