Um estudo do SexLab da Universidade de Aveiro (UA) estima que aproximadamente 10 por cento da população masculina portuguesa sofre de algum tipo de dificuldade ao nível da erecção. A investigação, que abrangeu 650 homens, numa amostra que se aproxima das características sócio-demográficas da população portuguesa, confirmou ainda que este problema tem tendência a aumentar de forma significativa com a idade. "São números preocupantes mas que são consistentes com a generalidade dos estudos anteriores feitos em Portugal e noutros países", aponta Pedro Nobre, psicólogo clínico e coordenador do Laboratório de Investigação em Sexualidade Humana. "Mais importante que os números é o sofrimento que está associado a este problema. A generalidade dos homens com dificuldades na ereção encara este problema como uma machadada no seu sentimento de masculinidade e muitos desenvolvem quadros depressivos associados", revela o especialista. Por outro lado, continua, "a educação a que foram sujeitos e as suas crenças e mitos sexuais, fazem com que muitos homens sofram em silêncio e não procurem ajuda". A boa notícia, garante o especialista na área da sexualidade, é que, "para além dos fármacos, existem hoje em dia tratamentos psicológicos com resultados bastante positivos". No entanto, Pedro Nobre lamenta que a rede pública de consultas de terapia sexual seja "infelizmente escassa e centrada apenas nos hospitais centrais de Lisboa, Porto e Coimbra". A pensar nos homens com dificuldades de erecção o SexLab vai oferecer um programa de tratamento. A oferta do laboratório da UA que, naturalmente, preservará o anonimato dos participantes, acontece no âmbito de um estudo sobre o tratamento da disfunção eréctil que pretende avaliar a eficácia da psicoterapia cognitivo-comportamental. Este estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, irá necessitar numa primeira fase da participação voluntária de 20 homens entre os 18 e 40 anos com o diagnóstico de Disfunção eréctil devido a factores psicológicos (dificuldades de erecção sem causa médica associada). Numa segunda fase, o SexLab vai oferecer mais 90 tratamentos. "Gostaríamos de dizer às pessoas com estas dificuldades que não têm motivos para sofrerem em silêncio. A disfunção eréctil pode ser tratada", garante o investigador Pedro Nobre. Os voluntários receberão tratamento psicológico de forma gratuita durante um período de três meses, sendo avaliados no início, durante e no final da intervenção. Os terapeutas envolvidos são psicólogos clínicos com formação especializada em terapia sexual reconhecidos pela Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica. A terapia cognitivo-comportamental é uma intervenção psicológica utilizada com sucesso numa grande variedade de problemas psicológicos (desde a ansiedade até à depressão) e tem sido aplicada de forma sistemática também no domínio das dificuldades sexuais. Para participar e obter mais informações sobre o estudo, os voluntários devem enviar um email para estudo.sexlab.ua@gmail.com ou aceder à página online do SexLab (www.ua.pt/sexlab). Diário de Aveiro |