Politicamente, não é muito conhecido em Aveiro. Quem é o Francisco Picado?
Nasci em Aveiro há 40 anos e fiz aqui toda a minha vida escolar e profissional. Não resido neste momento em Aveiro mas sou uma pessoa de Aveiro. Tenho prática associativa - fui remador, treinador, seccionista e dirigente do Galitos.
E politicamente?
Iniciei a minha militância em 1989. Tive um período muito activo na Juventude Socialista que resultou do entusiasmo natural da idade. Depois fiz um interregno porque entendi que as prioridades seriam outras e fui fazer o meu percurso académico e profissional. Mais tarde regressei e a partir de 2005 acabei por me integrar novamente nas estruturas do partido.
Esse regresso deveu-se a quê?
Tinha alguma disponibilidade de tempo e, por outro lado, foram-me feitos alguns desafios. E sempre tive interesse em contribuir para a sociedade.
O seu regresso à política coincidiu com a derrota do PS nas eleições autárquicas. Como tem sido a participação política numa fase em que o partido faz a sua travessia no deserto?
As alternâncias são normais e saudáveis. São os eleitores que julgam o desempenho das pessoas enquanto servidoras da causa pública e na altura entenderam que o PS não correspondia às suas expectativas e decidiram tomar outra opção. Devemos encarar isso com normalidade e sem obsessão por estarmos afastados de funções executivas.
Houve negociações para elaborar uma lista única para as próximas eleições no PS/Aveiro?
Este é um projecto inclusivo. Estivemos, estamos e estaremos sempre disponíveis para que este projecto se configure como inclusivo. Queremos um PS para todos, dentro e fora do partido.
Tudo indica que Eduardo Feio se vai recandidatar. Não encontraram pontes entre ambos?
Tenho uma excelente relação com o Eduardo Feio. Não tenho nenhum tipo preconceito. Nós estamos sempre disponíveis para construir um projecto inclusivo. Mas até ao momento essa situação não se regista.
Candidata-se porque não se revê no trabalho de Eduardo Feio?
Não há ninguém que faça tudo bem e não há ninguém que faça tudo mal. Há aspectos positivos no trabalho da concelhia. Mas onde é mais sentida a hipótese de progredir é na abertura do partido ao exterior. Vivemos um momento delicado e o PS tem obrigação de ser um partido de proximidade. Temos de estar no terreno, junto das pessoas... O PS não pode aparecer no terreno só na altura das eleições autárquicas.
Com que acções concretas leva esse objectivo à prática?
O partido deve reflectir internamente sobre assuntos importantes da vida concelhia. Esse espaço tem de continuar a existir, mas não é suficiente. O PS tem de descentralizar o seu campo de actuação. Não podemos estar fechados. Temos de ir aos locais, conviver, perceber quais os problemas e anseios das pessoas e das associações… É preciso muito trabalho de campo. Até para o próprio bem da política. Os partidos têm de pensar bem qual o seu papel na sociedade.
Como é que os partidos devem conviver com os movimentos cívicos que vão sendo criados? Em Aveiro existe um bastante activo… O território habitual dos partidos estará a ser invadido?
Vivemos numa sociedade livre. Mas cada coisa no seu lugar. Há espaço para uma coexistência, cada um com o seu papel. O aparecimento desses movimentos pode contribuir para que os partidos façam uma reflexão sobre se estão ou não a desempenhar bem o seu papel.
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