A Dow Chemical vai encerrar uma das suas duas fábricas em Estarreja. A companhia norte-americana tem duas unidades no concelho, empregando 110 pessoas no total: uma produzindo MDI (matéria-prima utilizada na produção de espuma rígida de poliuretano) e a outra placas de esferovite para isolamento (sob a marca Styrofoam). Será esta última, onde trabalham 19 operários, a fechar. O grupo invoca as “fracas condições” do mercado da construção e a “acentuada queda da procura” para justificar o encerramento, que já foi comunicado aos empregados e às autoridades locais e regionais.
Inaugurada em 2003, a fábrica de esferovite chegou a ser ampliada com uma segunda linha de produção, em 2009, para responder a uma maior procura do mercado.
Em comunicado, a Dow Chemical, que conta com uma facturação anual a rondar os 100 milhões de euros, esclareceu que a “data exacta” do fecho da unidade será decidida “ao longo do corrente ano”.
A empresa diz-se “empenhada” em “encontrar a melhor solução possível de modo a minimizar o impacto social que esta decisão terá nos seus empregados, adoptando uma atitude responsável e de diálogo contínuo”.
A unidade de Estarreja está integrada na Dow Chemical Ibérica, também com fábricas nas localidades espanholas de Tarragona, Ribaforada e Tudela.
Segundo a companhia especialista no fabrico de produtos químicos, está previsto o fecho de três unidades fabris na Europa (Estarreja, Hungria e Holanda) e de outra duas no continente americano (Illinois, nos Estados Unidos, e Camaçari, no Brasil), implicando a eliminação de 900 empregos. Com esta solução, a concretizar no espaço de dois anos, é estimada uma poupança de 250 milhões de dólares por ano.
Absorver operários
O presidente da Câmara de Estarreja acredita que a decisão da Dow de encerrar a produção de esferovite não afectará a fábrica principal. José Eduardo Matos revelou que o director da Dow em Estarreja foi-lhe “dando conta das dificuldades”, estando convicto de que a fábrica de MDI não está em risco.
“A Dow Portugal, anteriormente com a designação Isopor, existe em Estarreja há quase três décadas e a unidade de MDI não está em causa porque exporta para todo o mundo e tem a viabilidade garantida por essa via. Felizmente esse cenário não se coloca no MDI porque há mercados no mundo que continuam a crescer”, disse, citado pela Lusa.
O autarca salienta ainda que a Dow está integrada com a CUF e o Ar Liquido no Complexo Químico de Estarreja e sujeita a um contrato por 15 anos, que implica que todas essas unidades trabalhem em cadeia.
Segundo José Eduardo Matos, que estava ao corrente das intenções da empresa, a unidade que vai ser encerrada produzia sobretudo para o mercado espanhol e ressentiu-se da crise na construção em Portugal e Espanha, com uma quebra acentuada da procura nos últimos anos. “O cenário do encerramento foi adiado para o início deste ano, na esperança de que pudesse haver alguma retoma que não aconteceu, nem em Portugal nem em Espanha, o que veio agravar a situação”, disse.
O edil acredita que será possível a integração de alguns dos trabalhadores na fábrica principal da Dow, “sem embargo de poder rescindir alguns dos contratos”.
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