A direcção do núcleo de Aveiro da Quercus defende a elaboração de um estudo independente sobre o futuro da Linha do Vouga. A associação ambientalista espera que o documento “tenha alguma discussão pública” para evitar que seja um “estudo de encomenda” que apenas recolha argumentos a favor do encerramento do ramal, coincidindo com as pretensões do actual Governo. A tutela deseja a “redução dos gastos públicos a qualquer preço”, mesmo que isso implique a “cada vez maior desertificação do interior” e “maior poluição”.
A Assembleia da República recomendou recentemente ao Governo que estude uma alternativa ao fim da Linha do Vouga, proposta pelo Ministério da Economia no âmbito do Plano Estratégico de Transportes. A Quercus defende que é possível a “requalificação e modernização” da via férrea “tendo como pressuposto a sua sustentabilidade” financeira.
A instituição ecologista salienta que as orientações da Comissão Europeia e da Agência Europeia do Ambiente quanto à política de transportes assentam em “incentivar a aposta no transporte ferroviário em detrimento do transporte rodoviário e aéreo”. “Parece, no entanto, que Portugal passa ao lado destas orientações, continuando a dar prioridade aos investimentos na vertente rodoviária”, acusa a Quercus.
Quanto ao futuro da Linha do Vouga, os decisores políticos devem atender ao número de utilizadores do ramal, ao “custo efectivo por passageiro e quilómetro”, ao investimento realizado pela REFER nos últimos três anos, aos benefícios sociais, económicos e ambientais e à “eventual existência de entidades privadas interessadas na exploração” da via.
“Há cada vez mais mudanças de horários, reduzindo a sua disponibilidade, e cada vez mais cancelamentos de ligações entre povoações, nomeadamente as que fazem a ligação ao interior, cada vez mais despovoado. É um ciclo que só pode ser quebrado por uma mudança de atitude de quem decide”, alerta a Quercus.
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