A antiga administração da REFER, que exerceu funções entre 2002 e 2005, revelou ter memória fraca. Pelo menos no que toca aos negócios de Manuel Godinho. O empresário de Ovar deixou por pagar naquele período uma dívida superior a 2 milhões de euros, por compra de sucata da ferroviária. Além de outros casos, como os levantamentos indevidos de carris na linha do Tua e de contratos de empreitadas alegadamente sem autorização superior.
Braancamp Sobral, ex-presidente da REFER, ouvido como testemunha no tribunal de Aveiro, garantiu saber, à altura, pouco ou quase nada dos casos.
E também negou ter sofrido pressões para favorecer o principal arguido do processo Face Oculta. “Estamos a falar de coisas passadas há 7 ou 8 anos. Vocês têm informações que nos desconhecemos. Julgo que a empresa tinha os padrões normais de gestão, órgãos de fiscalização, auditoria e um corpo técnico altamente competente que fazia esse trabalho. Era sujeito a inspeções externas e internas. Não me senti pressionado”.
O tribunal ouviu também o ex-administrador financeiro da REFER. Depois de ouvir uma reprimenda do juiz presidente para refrescar a memória, José Pinho Marques Guedes acabaria por assumir a relação contratual de Manuel Godinho com a ferroviária "era anormal". Diário de Aveiro |