Três meses depois do inicio do Face Oculta, o Ministério Público apontou o primeiro caso de falso depoimento e logo de uma testemunha na qual a acusação depositava esperança de fazer prova contra Manuel Godinho em alegados favorecimentos junto da REFER.
A 27ª audiência do Face Oculta ficou marcada pela primeira certidão para processo-crime por falso depoimento. O MP não perdoou as “contradições” da 11ª testemunha. Manuel Madureira, supervisor da REFER, frustrou expetativas de declarações alegadamente incriminatórias para os negócios de Manuel Godinho feitas na fase de inquérito.
Em 2001, o funcionário era encarregado de infraestruturas de construção civil e subordinado do arguido Silva Carvalho, ex-coordenador do eixo Douro e Minho com a gestão das linhas desativadas do Tâmega e do Tua, acusado de burla e corrupção em casos de adjudicações sem autorização superior e levantamentos indevidos de carris.
No tribunal, Manuel Madureira chamou a si medições do uso de máquinas, mão-de-obra ou materiais que serviam de base ao pagamento das diversas empreitadas.
Na Polícia Judiciária, afirmou que seguia indicações de encarregados de Manuel Godinho, que deram em faturas inflacionadas com prejuízo para a REFER. “A consciência está tranquila e não estou minimamente preocupado”, disse, ontem, à saída do Tribunal.
O advogado da assistente REFER seguiu o exemplo do MP o mesmo para efeitos disciplinares.
Manuel Godinho regressou, fugazmente, ao tribunal de Aveiro, não para se sentar entre os arguidos do Face Oculta, onde está ausente desde o inicio do processo, mas como testemunha num processo por tráfico de droga relativo ao período em permaneceu detido preventivamente na cadeia de Aveiro. Diário de Aveiro |