O movimento Amigos d’Avenida está a recolher assinaturas para juntar a uma exposição à Administração da Região Hidrográfica do Centro (ARHC) em que apela à instituição presidida por Teresa Fidelis que “não atribua a licença para utilização do domínio público hídrico”. “Não estão reunidas as necessárias condições para assegurar o interesse colectivo do projecto”, avalia o grupo, que irá enviar o documento na próxima semana.
A ARHC permite que até final do mês sejam apresentados pareceres sobre a construção da travessia. A “carta contra a construção da ponte pedonal e rampas de acessos sobre o Canal Central” compila várias “objecções” à obra, vista como “uma agressão” ao principal braço urbano da ria.
“O Canal Central é uma referência para a memória colectiva da nossa comunidade e faz parte da imagética da cidade, sendo, porventura, o ponto mais fotografado da cidade, um dos seus maiores ex-libris”, alega o movimento de cidadãos. Que acrescenta: “Esta intervenção proposta pela Câmara é indiscreta, é um ataque ao coração da cidade, um desrespeito pelas pré-existências e uma violação do espírito do lugar”.
Lembrando a “contestação pública” ao projecto, os Amigos d’Avenida sustentam que a ponte “é um objecto intrusivo, de grande dimensão e com impacto visual significativo”.
As rampas laterais, que “ocupam na sua totalidade mais de 100 metros”, “perturbarão de forma drástica a leitura do Canal Central” e as escadas centrais de acesso “produzem também um significativo impacto visual, funcionando como uma barreira de mais de três metros de altura”.
Por outro lado, a ponte irá ter “consequências na navegabilidade do canal”, “limitando a passagem e a atracagem das embarcações”. Os moliceiros com vela “não mais por aqui poderão passar”.
Entre os subscritores desta petição conta-se já o ex-presidente da Câmara socialista Alberto Souto, um dos principais opositores à construção da travessia.
A guerra contra o avanço da ponte joga-se em vários tabuleiros. Os vereadores do PS agendaram para hoje uma votação no seio do executivo camarário com o propósito de travar a obra. Os socialistas vão propor que seja desencadeado junto do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) o processo de classificação patrimonial do troço entre a Ponte Praça e a Ponte da Dubadoura, o que dificultaria a concretização do projecto defendido pela maioria PSD/CDS.
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