Seis audiências depois, Namércio Cunha, tido como 'arrependido' do processo Face Oculta, termina esta quarta-feira, pela manhã, o depoimento mais longo até agora ouvido no tribunal de Aveiro.
A defesa já fez o balanço.
Acredita que o arguido que mais incomodou alguns dos principais acusados apresentou argumentos em tribunal que o descartam dos crimes de corrupção e associação criminosa.
Embora tivesse sido diretor geral da empresa O2, a mais referida em negócios suspeitos de favortecimentos com a REN e a REFER, entre outras empresas públicas, o psicólogo da área organizacional negou o estatuto de braço-direito do ex-patrão Manuel Godinho que o poderia colocar a par das influências movidas a troco de subornos e prendas caras que valeram o estatuto de arguidos ao ex-ministro Armando Vara, ao advogado Paulo Penedos e a José Penedos, seu pai, ex-presidente da eléctrica.
A advogada de defesa Dália Martins garante que Namércio Cunha "esclareceu o tribunal. Vamos aguardar, a produção de prova irá continuar, ainda vai a procissão no adro. O Dr. Namércio apenas referiu ao tribunal a verdade, portanto ele executava as ordens e cumpria com as obras que lhe davam, era essa a sua obrigação. A questão de pau mandado o Dr. Namércio já enquadrou, já referiu o que teve e em que momento é que teve consciência que efectivamente em determinadas situações se considerou um pau mandado”.
Depois de outro advogados insinuarem que Namércio Cunha estava combinado com o Ministério Público (MP) para sustentar a acusação, o procurador João Marques Vidal não deu tréguas ao arguido, confrontando-o com uma suposta “fraude”, em junho de 2006.
Em causa, a demolição de estruturas de betão na Central de Alto Mira da REN onde os camiões de Manuel Godinho anvadam quase sem carga para apresentar pesagens superior, causando prejuízos à eléctrica.
Na altura o ex-diretor geral da O2 para acalmar as desconfianças de funcionários da REN justificou com a presença nas imediações da BT, o que a guarda desmentiu. Diário de Aveiro |