A defesa de José Penedos ficou satisfeita com o depoimento do homem de confiança de Manuel Godinho nas empresas do sucateiro de Ovar. Namércio Cunha admitiu que havia expetativas criadas pelo filho do presidente da REN que não se concretizavam em negócios. Isso bastou para deixar alguns arguidos mais confiantes.
Os advogados de Armando Vara e José Penedos, dois dos principais arguidos do processo Face Oculta, utilizaram o interrogatório a Namércio Cunha, tido como arrependido, para “virar o bico ao prego”, acabando a cantar vitória, apesar do julgamento ainda estar no inicio.
Rui Patrício, que defende o ex-presidente da REN, acusado de corrupção e participação económica em negócio, levou o ex-diretor-geral da O2, a assumir que “a informação” sobre contratos com a elétrica dada pelo advogado Paulo Penedos, alegadamente obtida por intermédio de favorecimentos do pai, “criava expetativas” de negócios a Manuel Godinho mas “não era 100% segura”.
Afirmação que, na óptica da defesa, retira força, “se não destrói completamente”, às teses do uso de informação privilegiada. “Ainda bem que o dr. Namércio falou!”, disse o advogado no final da audiência realizada esta quarta-feira.
O mesmo causídico não deixou de notar que o antigo colaborador do empresário de Ovar (colocado pelo MP no centro de uma alegada "rede tentacular") beneficiou da revisão das medidas de coação, que inicialmente previa uma caução de 25 mil euros, apenas para termo de identidade e residência (TIR).
O que aconteceu “à beira do último interrogatório” após declarar que Paulo Penedos (acusado de tráfico de influência) “nunca” prestou serviços jurídicos por ser advogado de Manuel Godinho. Esta quarta-feira, Namércio Cunha retirou a expressão usada na altura, em mais um recuo.
Já a defesa de Armando Vara afastou suspeitas de tráfico de influência junto da esfera governativa depois de Namércio Cunha confirmar que Manuel Godinho não só tinha recebido com surpresa como seria uma contrariedade quando o presidente da REFER aceitou reunir para tratar dos conflitos entre as duas empresas - Era apontada a Armando Vara uma susposta pressão junto do ex-ministro Mário Lino em favor de Manuel Godinho que neste quadro não faz sentido, para a defesa do ex-vice-presidente do BCP. Diário de Aveiro |