Juiz presidente que está a julgar o processo de corrupção validou a perícia de especialista da Polícia Judiciária (PJ) aos fluxos bancários dos arguidos. Isto apesar de não ter sido ordenada especificamente pela autoridade judicial, bem como o depoimento que fez no julgamento. A defesa tinha suscitado, praticamente em bloco, a nulidade e inconstitucionalidade do relatório por, entre outros argumentos, ausência de despacho do Ministério Público (MP). Na sequência da decisão, Castanheira Neves, advogado de Paiva Nunes, ex-administrador da EDP Imobiliária, foi o primeiro a anunciar que vai interpor recurso para o Tribunal da Relação de Coimbra. O juiz presidente considerou que se tratou de uma “irregularidade meramente formal”, que deveria ter sido corrigida em devido tempo, mas não põe em causa a perícia do especialista superior “como meio de prova”, indeferindo, por isso, a pretensão dos arguidos. “Independentemente do modo como foi designado”, a coberto de um despacho da direcção nacional da PJ, a pedido do Departamento de Investigação Criminal (DIC) de Aveiro, Raul Cordeiro validou a chamada de Vítor Marques a pedido do MP na qualidade de perito e não de testemunha para depor no julgamento. O relatório contabiliza cerca de um milhão de euros que Manuel Godinho terá levantado de cheques particulares ou de empresas suas para distribuir em dinheiro vivo por vários arguidos a troco de subornos. O despacho do colectivo foi revelado esta terça-feira de manhã, no inicio da 14ª sessão do julgamento Face Oculta que decorre em Aveiro desde 8 de Novembro por crimes económicos. Em causa, negócios do empresário do sector dos resíduos Manuel Godinho que terão beneficiado de favorecimentos, entre outros, do ex-ministro Armando Vara, do antigo presidente da REN José Penedos e do seu filho, o advogado Paulo Penedos. O advogado Paulo Penedos, acusado de tráfico de influências, fez questão de intervir no julgamento para negar que tenha sido avisado, durante as investigações, que tinha telefone sob escuta da PJ. Diário de Aveiro |