CASA-MUSEU CEDIDA AO GRUPO FOLCLÓRICO DE SANTO ANTÓNIO DE VAGOS

Assinado no último fim-de-semana, o protocolo que viabiliza a cedência, em regime de comodato, da casa-museu de Santo António de Vagos a uma colectividade local (Grupo Folclórico), colocou um ponto final no longo processo que tenta fazer reviver a tradição gandareza.
Desenvolvido inicialmente pelo executivo de Rui Cruz, o projecto chegou a ser apresentado à ex-ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, que o considerou “muito interessante”. Mas a remodelação governamental inviabilizou o projecto, que acabaria por ser, mais tarde, recuperado por técnicos daquele ministério que, para além de facultarem à autarquia legislação nesse sentido, voltaram a manifestar interesse quanto à sua integração na rede Nacional de Museus. O que nunca chegou a acontecer.
O novo espaço, que integra uma casa tipicamente gandareza, adquirida no último mandato de Carlos Bento por 37.500 euros, e que agora foi recuperada, será sede daquele organismo e museu etnográfico. Futuramente vai, também, albergar os estúdios da Vagos FM, cujo processo de transferência continua atrasado.
A sua construção foi custeada pela autarquia vaguense, que ali investiu cerca de 222 mil euros, sem contar com os 55 mil gastos nos arranjos exteriores.
Trata-se de um “sonho com 33 anos”, confirmou o presidente da Câmara de Vagos, para quem o referido espaço constitui um “marco sério e definitivo” da cultura vaguense. Reconhecendo que o Grupo Folclórico de Santo António é a raiz da casa-museu, e como tal “está onde nasceu”, Rui Cruz admitiu que o acervo cultural que ali ficará guardado, como alfaias, móveis e trajes, caracteriza “dois terços do território de Vagos”.
O espólio vai, a partir de agora, ser “mostrado” à população e a turistas, em dias de festa e outros, de acordo com regras a definir oportunamente. Segundo Rui Cruz, a autarquia pode mesmo criar em breve um “circuito”, para colocar as pessoas “a visitar o património e vários pontos de interesse turístico no concelho”.
Recorde-se que a actual vereadora Cláudia Oliveira, (foi titular do pelouro da Cultura, que deixou por alegadas desavenças com o presidente da Câmara), chegou a desenvolver, em 2009, um “estudo científico”, na casa-museu de Santo António. Técnica contratada pela autarquia, passou semanas, talvez meses, a identificar e catalogar peças com valor museológico, mas parte do espólio estava em “muito mau estado”.
Paralelamente, será criada uma escola de música de instrumentos tradicionais.

Eduardo Jaques
Colaborador


Diário de Aveiro


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