A bancada socialista está preocupada com o desperdício de milhares de litros de água no concelho de Anadia, com origem alegadamente em fugas e rupturas na rede. Na última Assembleia Municipal, o deputado Rui Marinha, da bancada socialista, considerou necessário existir um controle eficaz sobre as fugas.
Da análise aos quadros inseridos no documento de prestação de contas dos SMAS, o deputado constatou que, no ano de 2009, os 13.875 contadores instalados registaram um caudal médio diário de 0,3 metros cúbicos. Que em 2010, foram instalados 96 novos contadores de água e que o consumo, neste ano, aumentou 66.361 metros cúbicos, pelo que concluiu que estes contadores registaram um caudal médio diário de cerca de 1,9 metros cúbicos.
Ainda de acordo com os documentos, é dada a indicação de que, na Administração Local, que não teve um aumento de contadores (166), registou-se um aumento de 14.533 metros cúbicos no consumo de água, ou seja, o equivalente a 40 metros cúbicos diários. Por isso, o deputado considera que “os números são de tal modo contraditórios que nos levam a questionar o senhor Presidente, sobre o problema das fugas de água, uma vez que destas não existem registos, nem sensibilidade das quantidades desperdiçadas”.
Rui Marinha entende que este aumento poderá não ser de consumo real, mas ter origem em fugas e rupturas até porque, segundo os documentos apresentados e na questão que se prende com os recebimentos, é deixada a indicação de que em 2009 os recebimentos foram de 164.795 euros e em 2010, de 162.739 euros, ou seja, menos 2.056 euros. “Como todos sabem, a água no município de Anadia aumentou, ainda que ligeiramente; então, se aumentou o valor da água e aumentou o seu consumo, como pode receber-se menos dinheiro?”
Também o vereador Sidónio Carvalho alertou para o facto de não ter havido aumento do número de contadores instalados na Administração Local, aumentando o consumo em 14.533 metros cúbicos. “Quer isto dizer que algo está mal e que é necessário desenvolver políticas de carácter ambiental, para diminuir os consumos e dar uma atenção especial às perdas”.
Litério Marques explicou que a cobertura no abastecimento de água da rede é quase total no concelho e que o consumo depende de muitas variáveis, nomeadamente as rupturas na rede e que as fugas são uma situação complexa. O edil reconheceu ainda que os munícipes dão pouco valor à água e que existe muita falta de respeito, havendo casos de ligações clandestinas que obrigam os SMAS “a ser activos na fiscalização”.
A terminar, e em jeito de recado, André Henriques, do PS, concluiria que a gestão directa da água é importante e que nem sempre a lógica da privatização é a mais correcta.
CC
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