A Misericórdia de Sangalhos é, desde Junho passado, liderada por uma nova equipa. O novo provedor Manuel Gamboa (que pertenceu à anterior provedoria), aceitou o desafio depois de um “vazio” criado na Assembleia ordinária de Março, onde não aparecera qualquer lista candidata. Em Maio, pelas mãos de Amândio Albuquerque, presidente da Assembleia-geral, acabaria por aceitar o desafio ciente de que, pela frente, terá três anos de muito trabalho.
Com um orçamento a rondar um milhão e meio de euros, a nova direcção diz não ter tarefa fácil, já que as únicas receitas são provenientes das comparticipações estatais, mensalidades dos utentes, quotização dos irmãos e donativos, que acabam por ser insuficientes. Por isso, admite que o valor das quotas possa vir a ser actualizado, assim como pretendem aumentar o número de irmãos.
Envolvimento da população. Mas para que a instituição se sinta acarinhada e querida pela população, Manuel Gamboa diz querer “uma participação activa dos irmãos e da população em geral em torno da Misericórdia, pois quando a comunidade local se envolve, as Misericórdias são fortes e capazes de responder cabalmente às necessidades da comunidade”. Todavia, sabe que a tarefa não será fácil, pelo contrário. É que a população tem estado afastada da Misericórdia, situação que estão determinados em inverter.
Por isso, em carteira está a realização de diversas actividades abertas à comunidade. São os casos de eventos culturais, sociais e gastronómicos, que terão por finalidade a angariação de fundos para a Misericórdia.
“Temos de encontrar novas formas de aproximar a comunidade”, diz.
Reorganização em curso. No quarto mês de liderança, faz um balanço positivo das alterações alcançadas, na medida em que está em curso a reorganização administrativa. “O sector administrativo é muito exigente e necessitávamos de duas funcionárias a tempo inteiro”, reconhece, admitindo que os serviços melhoraram significativamente, tendo agora uma outra dinâmica. No plano financeiro e seguindo o figurino do ano transacto, todos os pagamentos a fornecedores e pessoal estão em dia. Ou seja, Manuel Gamboa assume que é vital manter uma gestão financeira controlada até porque, como explicou, existem encargos como os subsídios de Natal e Férias dos colaboradores (108), que exigem uma grande ginástica e equilíbrio financeiro.
Quanto a obras, os projectos são muitos, mas a falta de verba impede que se avance com a celeridade desejada. A direcção reconhece que a instituição, com mais de duas décadas de existência, sofre um grande desgaste exigindo muitos custos de manutenção. Assim, para 2011 está prevista a conclusão da vedação do Complexo Social. Depois, segue-se o arranjo da área envolvente ao Lar que precisa ser embelezada e, por último, aquela que será a obra do mandato: a requalificação de todo o edifício primitivo do Complexo Social, com ampliação da cozinha. O objectivo é a requalificação integral das infra-estruturas existentes por forma a duplicar a capacidade do Lar para 60 vagas.
Em tempos de crise, o lema é também aqui a poupança e o combate ao desperdício, sem nunca diminuir a qualidade dos serviços prestados. Por isso, é exigida aos colaboradores maior responsabilidade, assim como mais profissionalismo por forma a responder da melhor maneira às necessidades de todos.
“Estamos num processo de mudança, sobretudo de mentalidades” situação que não é fácil, já que a Misericórdia está em processo de readaptação a uma nova forma de estar e trabalhar: exigindo-se mais controlo, rigor, transparência e humanismo.
Por outro lado, a instituição debate-se com um parque de viaturas bastante envelhecido e a necessitar de substituição, sobretudo de duas viaturas de nove lugares.
Obras no Centro Infantil. Quanto ao Centro de Bem-Estar Infantil, a direcção quer criar um parque infantil neste espaço, assim como proceder à pintura do edifício exterior. “No interior, os pais das crianças têm colaborado de forma muito generosa”, adianta o provedor.
Certo é que os corpos sociais estão empenhados em realizar um trabalho persistente, chamando a comunidade a envolver-se activamente com a instituição por forma a conseguirem levar a cabo as obras e melhoramentos propostos.
Daí ter sido lançado também um repto a antigos provedores e mesários para que se organize um grupo de amigos da Misericórdia for forma a angariar fundos a favor da Misericórdia.
Catarina Cerca
Diário de Aveiro |