Especialistas reunidos na Universidade de Aveiro debatem esta segunda feira as diferenças de género no sector do turismo, realidade que atribuem sobretudo aos países latinos e do mediterrâneo, e que consideram isenta de sentido tanto ética como economicamente.
Do encontro deverão resultar soluções para “um problema que é real, mas, nesta altura do século XXI, já não tem razão de ser”, defende Carlos Costa, docente do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro, e coordenador da equipa que vem estudando o tema no âmbito de um projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, e pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
Para Carlos Costa, questionar as diferenças de género impõe-se por dois grupos de razões – um de natureza ética e outro de natureza económica – e há que reflectir sobre o assunto para assegurar o aproveitamento de recursos humanos que é indispensável ao progresso do sector.
Na perspectiva ética, esse estudioso defende que “hoje não faz sentido que haja diferenças na abordagem e até na situação salarial entre géneros, o que, lamentavelmente, continua a verificar-se no turismo, com a generalidade das mulheres a terem salários mais baixos do que os homens e a ocuparem cargos profissionais que são mais laterais e exigem um grau de especialização inferior”.
Quanto à vertente económica do problema, o docente da Universidade de Aveiro defende: “Numa lógica de mercado também não há razão para que continue a haver diferenças entre os géneros, porque o sector tem é que aproveitar todo o potencial dos seus recursos humanos e um dos passos para o crescimento é precisamente a utilização de todas as capacidades das mulheres”.
Para Carlos Costa, “não faz qualquer sentido que as mulheres não consigam ascender a posições de chefia no turismo, sobretudo quando se sabe que, hoje em dia, as salas de aula têm mais senhoras do que homens, são elas os melhores alunos da turma e também são elas que ganham mais bolsas de investigação”.
O cenário não é, contudo, exclusivo de Portugal. Carlos Costa garante que “nos países latinos e da bacia do Mediterrâneo este tipo de desigualdade é muito acentuada”, só se atenuando à medida que se avança para território escandinavo.
O seminário “As questões de género (sexo feminino vs. sexo masculino) no sector do turismo” realiza-se esta segunda, a partir das 09:30, na Sala dos Actos Académicos da Universidade de Aveiro.
Da lista de oradores convidados para o evento consta a secretária de Estado da Igualdade, Elza Pais, e a presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, Sandra Ribeiro. Outras opiniões esperadas são as de Sara Falcão Casaca, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, e Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal.
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