De comer e chorar por mais. É assim que podemos definir os originais e deliciosos pãezinhos de leitão criados pelo jovem chef Rui Jesus.
Esta iguaria, embora desconhecida do grande público, é já presença obrigatória em alguns dos serviços de catering da região e nas casas de muitos particulares, revela Rui Jesus, um apaixonado pela gastronomia nacional.
Embora a ideia de criar este produto tenha começado a desenvolver-se há dois anos, como forma de aproveitar as sobras do leitão assado na região, foi este ano que Rui Jesus desenvolveu, com grande sucesso, a ideia que lhe “martelava” na cabeça.
Reconhece que a aposta nesta iguaria está ganha e que na sua origem esteve também um assador de leitão, amigo de longa data, mas também um cliente que queria algo diferente e inovador para um serviço de catering.
E foi no seguimento dos muitos contactos mantidos com a Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada, para o renascimento dos pastéis “Amores da Curia”, que decidiu seguir o conselho dado pelo presidente da Confraria, António Duque, para que reduzisse o tamanho dos pãezinhos.
Daí para a frente, foi só desenvolver a técnica e criar a simbiose perfeita entre os pãezinhos e os pedacinhos de fêvera e pele de leitão que os recheiam.
“Qualquer pessoa pode vir aqui à pastelaria Aqua Doce, em Aguada de Cima, e comprar os pãezinhos, pois estão ultracongelados e são vendidos em sacos de 10 unidades”, diz, garantindo que funcionam optimamente numa festa, como aperitivos.
O cliente só tem que os cozer em forno bem quente (250ºC) durante cinco a seis minutos. E podem ter a certeza que vão surpreender os familiares e amigos, já que os pãezinhos crocantes e macios são recheados com febrinhas de leitão, sem excesso de gordura ou sabor a pimenta.
Neste momento, Rui Jesus está a trabalhar no processo que visa registar a patente dos pãezinhos de leitão que considera serem autênticos “rebuçados salgados”.
A venda na pastelaria ronda já as 600 unidades por semana e o preço de cada saco é de 3,50 cêntimos. “Até agora, tem sido a Confraria a responsável pela divulgação e promoção dos pãezinhos”, adiantou.
Pastelaria gourmet na forja. Aos 33 anos, é possuidor de uma determinação rara. Ambicioso e corajoso q.b., prepara-se para dar mais um importante passo na sua carreira. Com formação na Escola de Hotelaria de Coimbra, quer apostar na alta pastelaria (pastelaria gourmet), ao nível do que de melhor se faz pela Europa fora.
Por isso, estuda, neste momento, a viabilidade de abrir, em Lisboa (ou noutra grande cidade do Centro do país), em local estratégico do ponto de vista turístico, um espaço que confeccione sobremesas à carta, disponibilizando aos clientes uma pastelaria diferente, única, arrojada, sofisticada, obedecendo aos mais elevados padrões de qualidade.
Ciente de que a formação é indispensável para o sucesso, sempre que pode frequenta acções, mesmo no estrangeiro. Mais-valias e aprendizagens que se traduzem nos inúmeros prémios já recebidos.
Neste momento, para além de estar à frente da Aqua Doce, em Aguada de Cima, fornece sobremesas para outras pastelarias, hotéis, serviços de catering e particulares.
Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada promove iguarias
António Duque, presidente da Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada, entende que os pãezinhos “têm pernas para andar”, já que se trata de um produto muito aliciante e que funciona plenamente como aperitivo ou entrada de requinte. Daí que a Confraria tenha, desde a primeira hora, apoiado esta iniciativa do chef Rui Jesus, que tem como grande vantagem o facto do cliente poder levá-los para casa, pré-congelados e cozinhá-los, com a garantia de que está a oferecer uma iguaria aos familiares e amigos.
Por outro lado, diz António Duque ser uma “interessante e original ideia para aproveitar as sobras ou o leitão que não se vendeu nos restaurantes”, dando lugar a um novo produto original e de grande qualidade. Por isso, defende que os restaurantes da Bairrada podem encontrar aqui uma outra possibilidade de negócio, oferecendo pãezinhos de leitão como entradas nas suas salas de jantar. “Tendo a facilidade de terem a matéria-prima ali à mão, estariam a aproveitar todo o animal, sem desperdícios”. Se bem que alguns restaurantes, sobretudo na Mealhada, já estejam atentos a esta possibilidade, a verdade é que os pãezinhos são ainda desconhecidos da maioria das pessoas. E deixa um desafio à restauração e à hotelaria: “Seria muito interessante ver um cliente sentar-se à mesa de um restaurante da região e poder saborear pãezinhos de leitão antes do leitão propriamente dito vir para a mesa. O mesmo digo em relação, por exemplo, às iscas de leitão.”
Quanto aos “Amores da Curia”, recentemente renascidos através de um workshop, pela mão da Confraria e do chef Rui Jesus, o balanço não poderia ser mais animador: “o feed-back foi espectacular. Já várias pastelarias estão a confeccioná-los, diariamente, assim como seis outras estão à espera da chegada de formas com formato de coração.” Quanto à embalagem para a colocação de 12 Amores, já está a ser divulgada e distribuída pelas pastelarias interessadas. Paralelamente, garante, “já existem restaurantes e hotéis a ter este doce regional na sua carta de sobremesas”. A título de curiosidade, diga-se que na Pastelaria Aqua Doce, estão a vender-se cerca de 1500 Amores da Curia por semana, por 0,35 euros/unidade.
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