O Reitor da Universidade de Aveiro alertou, ontem, o Governo para os riscos do processo de racionalização no ensino superior. Manuel Assunção dirigiu o discurso para o Primeiro-Ministro e para o Ministro da Educação presentes na cerimónia dos 38 anos da UA. Admite que é preciso cortar mas adverte para a importância de saber bem o que se vai fazer. “O que queremos, o que precisamos, para que deve servir a rede de ensino superior ” deve ser o ponto de partida para a reflexão. A tutela, que esteve representada pelo próprio ministro Nuno Crato, terá ainda de assumir “as consequências” em termos de cursos e instituições do trabalho em curso pela Agência de Avaliação e Acreditação sem cair na tentação de alinhar por uma solução “de modelo uniforme” mas de permitir “abordagens de geometria variável”.
Manuel Assunção vincou também a necessidade de aprofundar o estatuto fundacional, de que Aveiro foi pioneira, notando que foram “interrompidos contratos e rasgadas expectativas” sem avaliação da experiência. A retracção económica, com as implicações que tem na utilização de diplomados, levam as universidades a aguardar “com expectativa” o anúncio da agenda e das políticas governamentais relacionadas, bem como de “directrizes claras” da política de investigação, em particular com a necessidade de assegurar “as dinâmicas criadas estancando a saída de investigadores”, muitos deles atraídos em outras latitudes. Tiago Alves, presidente da Associação Académica, falou dos cortes e do aumento dos custos de vida para os estudantes. “Encontramos um Ensino Superior desorganizado. Encontramos um Ensino Superior desregulado. Encontramos um Ensino Superior sub-financiado. Ao mesmo tempo, também o garante para muitos estudantes da frequência do Ensino Superior atravessa dias terríveis. A acção social no Ensino Superior continua, ano após ano, a caminhar para um abismo”. Diário de Aveiro |