PROCESSO FACE OCULTA: JULGAMENTO PROSSEGUE EM AVEIRO.

Manuel Godinho tinha controlo quase absoluto sobre os negócios do lixo. Confundia-se com as empresas que controlava. Era autocrático, nas palavras de Rui Carvalho, o inspector da PJ titular do processo Face Oculta, que começou a depor hoje no Tribunal de Aveiro como testemunha de acusação. Tudo era comunicado a Manuel Godinho e tudo executado por sua ordem. Uma das poucas pessoas, senão a única, que tinha alguma autonomia, era a secretária, Maribel Rodrigues.

O inspector deu conta das prendas, que eram oferecidas não só a pessoas como titulares de várias instituições com quem o empresário de Ovar se relacionava, ou mesmo dependia, por exemplo para licenciamentos e alvarás. Falou-se da distribuição de telemóveis a funcionários da REFER, que o mantinha informado de concursos. Um deles, José Valentim, era o campeão das chamadas. Artur Marques, advogado de ambos, não vê que as opiniões das testemunhas, e mesmo o depoimento dos investigadores, seja útil para o julgamento. "A mim não me interessa nada as opiniões das testemunhas, depois, considero que não interessa rigorosamente nada os depoimentos dos investigadores porque o que eles fizeram está no processo, se a gestão do senhor Manuel Godinho é autocrática, esse, é um problema dele, relativamente à questão dos telemóveis, aquilo que se disse é aquilo que consta do processo, se isso tem ou não relevância vamos discutir na altura própria", disse.

Armando Vara, com quem Manuel Godinho manteve muitos encontros, nunca apareceu, nas suas funções de administrador bancário em nenhuma relação comercial documentada com o empresário que responde por associação criminosa e corrupção, entre outros.


Diário de Aveiro


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