O advogado dos credores do Beira-Mar diz que se a Direcção do clube não tem acordo escrito com Majid Pischyar para a liquidação do passivo, a troco do domínio da SAD, "pode estar nas mãos do investidor sem o conseguir responsabilizar pelo pagamento das dívidas". Armindo Sequeira critica a opção e diz que este cenário poderá agravar a vida do clube no curto prazo. "Se não existe nada escrito não existe incumprimento de contrato e o Beira-Mar nada pode fazer", adiantando que o Beira-Mar "é o clube fundador com 15 por cento, parece que neste momento as acções da SAD estão penhoradas, segundo informação que tenho, isto é uma vergonha, um clube que acaba de fundar uma SAD e já tem as acções penhoradas, não sei o que é que a Direcção do Beira-Mar andou a fazer até agora e gostava que me dissessem, porque, eu sou associado há mais de trinta anos", sublinhando que "o clube, através da sua Direcção não acautelou devidamente aquilo que devia ter acautelado", disse em entrevista à Terra Nova. "O investidor não cumpriu com o que se comprometeu, isto é, meter o passivo do clube a zero, está muito longe disso, o terreno das piscinas não foi pago à Câmara, deve milhões de euros aos meus clientes, agora não será tanto porque o Pavilhão já não pertence ao Beira-Mar, a divida à Inverfutebol de 500 mil euros também não foi paga, tudo, leva-me a concluir que as pessoas que confiaram no investidor iraniano, estão a perceber que ele não está a cumprir", adiantando que "o senhor Majid está por dentro de tudo, porque falou connosco pessoalmente, falámos em inglês para que ele percebesse tudo o que se passava e não ouvimos ainda uma única palavra que nos garanta que o senhor Pyshiar queira cumprir com a promessa de meter todo o passivo a zero, está em incumprimento claro", acusou. A crítica de Armindo Sequeira vai mais longe e diz que a direcção do Beira-Mar não está a acautelar os interesses do Clube e poderá ter ficado em posição fragilizada, sem assessoria jurídica neste processo de criação da SAD. "Quem tratou do processo foi uma única pessoa, um advogado que é da SAD e do senhor Pyshiar, como é isto possível se os interesses são contrários, se existe conflito, como é que o mesmo advogado pode servir os dois", questionou. "Há um problema grave na Direcção do Beira-Mar que não acautelou os seus interesses, o senhor Presidente do clube assistiu à reunião e nada disse, assim como outros elementos da SAD que nada disseram, tenho muita pena do Beira-Mar, que tenhamos chegado a este estado de coisas, se era para vir um estrangeiro prometer mundos e fundos e ter feito o que ele tem feito, sinceramente merecíamos melhor, muito melhor, a cidade e a região, os sócios do Clube mereciam bem melhor", referiu Armindo Sequeira. Ainda não há acordo quanto ao futuro do Pavilhão do Beira-Mar que caiu nas mãos de credores por falta de pagamento de dívidas do clube. Majid Pishyar, investidor iraniano que tem a maioria do capital da SAD, reuniu com ex-dirigentes, no domingo, depois do jogo com o Feirense, e em cima da mesa está uma proposta de pagamento faseado da dívida em 24 meses com o compromisso dos ex-dirigentes devolverem a posse do Pavilhão ao clube no final dos dois anos, permitindo, entretanto, a utilização do Pavilhão pelas equipas das modalidades amadoras do clube. Armindo Sequeira advogado dos credores, espera por uma resposta em 10 dias. "É uma espécie de comodato, isto é, a utilização gratuita do Beira-Mar e o pagamento faseado da dívida e quando estivesse paga em 24 meses, o Pavilhão passaria para o Clube, mas nem assim obtivemos resposta, os meus clientes aceitaram a proposta de receber o dinheiro sem juros, mas nem resposta tivemos, já não tenho margem de manobra porque tenho de liquidar os impostos e os bens serão registados como sendo propriedade dos senhores Artur Filipe e José Cachide", disse. Aguarda-se uma resposta do investidor agora que Artur Filipe e José Cachide estão perto de assumir, por escritura, a posse do Pavilhão e de um apartamento no centro da cidade. Diário de Aveiro |