A Assembleia Municipal de Aveiro promoveu ontem a terceira sessão do Ciclo de Conferências “Aveiro à Conversa” subordinada ao tema “Os peixes da Ria de Aveiro: a certificação das enguias?”. José Eduardo Rebelo, docente e investigador da Universidade de Aveiro foi o orador convidado. Divulgou alguns resultados de estudos de investigação realizados, ao longo das últimas três décadas, pelo Departamento de Biologia, sobre a ecologia de peixes na Ria de Aveiro, na qual se inclui a enguia. A quebra acentuada da população de enguias na Ria de Aveiro "é um facto consumado" e em regra as conservas de enguia aveirenses são produzidas com enguia canadiana. "A COMUR é a fabrica que produz as celebres enguias da Murtosa, mas, efectivamente as enguias da Murtosa, não são sequer enguias europeias, são enguias canadianas, porque a produção da Ria de Aveiro, em termos de enguias, durante um ano, seria suficiente só para um dia de produção da empresa", disse José Eduardo Rebelo. A quebra de população da enguia na Ria de Aveiro é comum e está relacionada com a pressão da pesca, incluindo a apanha de juvenis, assim como a construção de hídricas nos rios, impedindo o crescimento da espécie. "O desaparecimento da enguia tem a ver com alterações que se tem produzido, de responsabilidade humana, mas na Europa em geral e não só aqui", sublinhou. Diário de Aveiro |