São três os modelos que estão em cima da mesa, para remodelar a Avenida Dr. Lourenço Peixinho, a principal artéria da cidade de Aveiro. A equipa coordenada pelos professores Jorge Carvalho e Frederico Moura e Sá, docentes do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro (UA), e pelo Arquiteto Bruno Soares, aponta para que a Avenida possa vir a ser um arruamento central com passeios laterais, ou possa vir a ser uma via entre praças ou ainda, possa ser transformada numa “rambla”. O projecto, iniciado em dezembro de 2010 depois dos docentes terem aceite o desafio da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) para liderarem o plano de regeneração daquela via, e cuja primeira fase terminou em Junho de 2011, prevê que, independentemente do modelo que venha a ser adotado, seja dada na avenida prioridade às funções pedonais e à circulação em bicicleta e, por outro lado, seja diminuída a presença de veículos motorizados. Objectivamente os responsáveis querem inverter a actual relação dos espaços atribuídos ao peão e ao automóvel. Dos três modelos considerados, o Prof. Frederico Moura e Sá descreve que «o primeiro tem um arruamento central com duas vias de circulação automóvel, uma por sentido, faixa para estacionamentos e cargas e descargas, com passeios largos laterais». Estes últimos passarão dos atuais três metros de largura, aproximadamente, para cerca de nove metros. O segundo modelo, que o docente garante que «pode ser complementar ao primeiro», é uma avenida que se situa entre duas praças, uma associada à estação, relativamente próxima à que já hoje existe, e outra no topo poente da avenida capaz de reforçar e afirmar a função central desta área da cidade. «Uma avenida capaz de estabelecer a relação entre estas duas Praças, seria uma avenida que, do ponto de vista programático, poderia oferecer espaços diferenciados e com isso até facilitar a definição de estratégias de animação diferenciadas e consequentemente mais e melhor vivência do espaço da avenida», adianta o docente. O terceiro modelo, a “rambla”, corresponde a uma solução assimétrica onde o lado Norte da Avenida, sobretudo pela favorável exposição solar que apresenta, beneficiaria de passeios bem mais generosos que o lado Sul cuja dimensão se manteria próxima à existente. O desenvolvimento do projeto assenta num enquadramento urbanístico alargado que pressupõe a criação de dois novos rossios: o Rossio da Estação, transformado num espaço intermodal de transportes que combine a estação ferroviária com uma rodoviária e com pontos de recolha de bicicletas a criar na envolvente imediata da Estação e o Rossio da Ria que resulta do prolongamento do atual Rossio para Poente, aproximando a cidade da Ria, funcionando como “Mãe d’água” da Estrutura Ecológica da cidade. Daqui para a frente, numa segunda fase do projeto que agora se inicia, explica o docente, «os três modelos vão ser submetidos a uma matriz de critérios vasta que cobre o efeito previsível que cada um deles poderá ter na revalorização do uso e da imagem da Avenida no conjunto da cidade». A escolha final do modelo a ser adotado pela equipa, com o aval da autarquia aveirense, terá em conta aspetos como a valorização funcional e imobiliária distinta para cada um dos troços da avenida, a funcionalidade do espaço pedonal e do dedicado à circulação de bicicletas, o conforto térmico, as respostas ao transporte motorizado, o acesso aos edifícios, o funcionamento dos transportes públicos e a avaliação das implicações técnicas e orçamentais de cada um dos três conceitos. Para além da intervenção no espaço público, o projeto contempla a definição de regras para a transformação dos edifícios, bem como a construção de possíveis programas para a dinamização do terciário e animação do espaço público. Com luz verde da CMA para continuarem o trabalho, a equipa da UA quer «fechar o quanto antes o projeto base, que pode adotar um dos modelos, ou mesmo uma solução híbrida entre modelos» e acabar o trabalho até ao fim do ano. Para além da coordenação dos professores Jorge Carvalho e Frederico Moura e Sá e do Arquiteto Bruno Soares, que contaram com uma equipa alargada de técnicos da CMA, participam neste projeto de regeneração da avenida, num grupo de apoio técnico constituído para o efeito, cerca de 25 pessoas ligadas a áreas da Universidade tão distintas como o Planeamento do Território, a Engenharia Civil, o Design, a Engenharia Mecânica, o Ambiente ou a Botânica. «O grande mérito desta primeira fase do trabalho é que trouxe para cima da mesa a ideia forte da Avenida como um eixo-estruturante capaz de afirmar a centralidade da cidade de Aveiro», conclui o responsável. Os resultados da primeira fase do projeto serão novamente apresentados publicamente pelos responsáveis da UA dia 4 de outubro durante o Seminário Internacional Espaço Público – Acessibilidade e Cidadania. Organizado pela CMA o seminário está integrado no Projeto Europeu Active Access e decorrerá no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. Diário de Aveiro |