Um mar de gente vai inundar a Torreira por estes dias. É das imagens mais fortes da romaria do S. Paio que o passar do tempo ainda não fez apagar. Os romeiros da era moderna embarcam em tradições antigas, renovadas a cada ano.
A corrida de bateiras à vela, no sábado à tarde. O fogo de artifício à noite no mar tem de surpreender os milhares que se vão espraiar no areal, antecedendo o primeiro arraial.
Domingo um concurso elege os melhores painéis de moliceiros que exibem-se em todo o seu esplendor durante a tarde.
Quarta-feira, véspera do dia religioso, e feriado municipal na Murtosa, a noite assiste ao concurso de rusgas populares, que fazem-se em tudo idêntico às que envolviam os romeiros vindos de toda a zona ribeirinha, de moliceiros e bateiras. A segunda parte do fogo de artifício é à beira ria.
Na manhã do dia 8, na capela do S. Paio, assiste-se à missa seguida de procissão - ponto alto da parte religiosa.
Atendendo às milhares de pessoas que são esperadas durante as noites maiores dos festejos, a Câmara da Murtosa impôs aos estabelecimentos de restauração, incluindo apoios de praia, o reforço de sanitários amovíveis. Os bombeiros garantem os primeiros socorros. Se em anos anteriores, a extensão de saúde da Torreira teve médicos em permanência, este ano o serviço será prestado mas no centro de saúde da Murtosa.
Os bares da praia transformam-se nos últimos anos em pistas de dança até de manhã. “É a festa do povo. Uma festa popular. Contínua a manter a matriz que faz com que largos milhares de pessoas venham à Torreira. É o fim das festas de Verão. Tudo se mede com períodos antes do São Paio e depois do S. Paio”, explica o vereador Januário Cunha da Câmara da Murtosa.
Diz a lenda, que a imagem do Santo era banhada a vinho em cumprimento de promessas. Depois o precioso néctar era recolhido da pia e bebido fora da capela, “o vinho Santo”, acabando muitos romeiros embriagados. A prática, tal como era, ficou no passado mas a fama mantém-se.
"Ó S. Paio da Torreira
Ó milagroso santinho,
Hei-de cá voltar pró ano
Lavar o santo com vinho". Diário de Aveiro |