VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA DE AVEIRO SUGERE A VEREADORES DESALINHADOS A DEMISSÃO.

Rejeição da proposta da presidência para a entrega do estádio ao Beira-Mar, na reunião pública, abriu sérias brechas políticas, que podem ser insanáveis, na maioria PSD-CDS. Miguel Fernandes (CDS) e Ana Vitória Neves (independente eleita pelo PSD), curiosamente vereadores a quem o líder da edilidade retirou várias competências numa controversa restruturação de pelouros, em Setembro do ano passado, impediram, mais uma vez, o consenso na coligação, ao votar contra o contrato com o Beira-Mar.

Por imposição do presidente da Câmara, o ponto em causa não foi precedido de discussão, apesar das repetidas insistências daqueles dois eleitos, e as declarações de voto entregues por escrito. Élio Maia entendeu que as duas reuniões prévias sobre o assunto tinham sido suficientes para debate, pelo que deveria seguir sem mais para a votação. Uma proposta para a abertura de um período de intervenção do executivo, apresentada por Ana Vitória Neves (que esteve ausente da anterior reunião em que deveria ter sido votado o contrato), e secundada por Miguel Fernandes, acabou por ser chumbada com os votos do presidente, de Carlos Santos (PSD), Pedro Ferreira (PSD) e de Maria da Luz Nolasco (CDS). Os três eleitos do PS abstiveram-se. Antes, a vereadora da cultura considerou que o executivo estava a fazer "papel ridículo" perante o público e deveria votar nos termos requeridos pelo presidente "por uma questão de educação".

Ao evitar a troca de argumentos numa reunião pública, Élio Maia terá pretendido minimizar os danos políticos, o aproveitamento por parte da oposição e, ainda, preservar o Beira-Mar dos estilhaços, onde se admite existir já grande impaciência da parte do investidor na futura na SAD com o desenrolar do processo, dado o interesse de Majid Pishyar ter mão no estádio.

A direcção do Beira-Mar esteve presente na reunião, abandonando os Paços de Concelho sem prestar declarações, evidenciando desagrado. Após a votação, Ana Vitória Neves remeteu-se ao silêncio, enquanto Miguel Fernandes guardou os comentários para altura mais oportuna, desconhecendo-se, por isso, a motivação do voto contra (fundamentais para se clarificar o que está em causa) e as consequências que eventualmente venham a retirar por terem desafiado os seus pares. Élio Maia delegou, como é habitual, declarações no seu vice-presidente.

A posição do PS não causou surpresa, embora uma abstenção dos socialistas bastasse para aprovar a proposta. "Falou-se muito com o PS, mas tem estado contra todas as soluções para o Beira-Mar". Já a manifesta quebra de solidariedade política e institucional da maioria foi vista como um episódio "complicado". "As coisas não estão bem, são problemas que temos de resolver, conversando", disse. Circulavam informações dando conta da perda de confiança da presidência nos vereadores da maioria desalinhados, que poderia envolver mesmo, no caso de Ana Vitória Neves, pressões para se afastar e ceder o lugar na lista. O vice-presidente evitou responder directamente, deixando claro o que faria se fosse consigo. "Vamos ter de fazer essa reflexão. Teria dificuldade em trabalhar assim. Se estivesse na posição deles, eu demitir-me-ia. Agora depende de cada um", disse Carlos Santos com uma ressalva que não esconde o estado de espírito. A possível retirada de competências aos eleitos mereceu outro comentário evasivo. "Os pelouros não são muitos", lembrou. Carlos Santos não adiantou eventuais saídas no impasse em que caiu o acordo que se pretendia fazer com o Beira-Mar, mantendo-se em vigor o protocolo de gestão desportiva do estádio.

Fonte: NA


Diário de Aveiro


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