O Bispo Emérito de Aveiro reflecte sobre o estado do país e questiona o “seguidismo” de que se faz a política em Portugal. D. António Marcelino assina a cónica “Verdade e mentira na boca dos políticos e no ouvido dos cidadãos” com referências ao momento do país. Salienta que “o problema não é a troika que aí está a preparar-se para dar a sua sentença dolorosa, mas sim a razão porque ela está aí”. Num recado em período de pré-campanha, o Bispo Emérito diz que “os malabarismos são dos circos, não podem ser atitudes da vida real de gente responsável”.
E num período de campanha eleitoral que se aproxima admite que “se possa ver quem, no momento da votação, optou pelo seguidismo do chefe ou pela reflexão e decisão pessoal, serena e livre”. D. António Marcelino diz que estamos num tempo em que “dominam os bairrismos e os interesses locais de quem quer deixar o nome numa rua ou na praça da terra, e segue-se, acriticamente, quem mais promete satisfazer estes gostos e preocupações”.
No texto publicado esta semana no Correio do Vouga, o Bispo Emérito não se coibiu de criticar a forma como os militantes do PS se apresentaram no congresso. “No congresso do PS, ouvi atentamente o discurso do secretário-geral, que também é primeiro-ministro, e, ao mesmo tempo, as reacções dos seus camaradas. Dei por mim a perguntar se naquele partido e congresso já não havia pessoas inteligentes e sensatas, tal era o seguidismo cego, os gritos e os aplausos bem comandados. Sei bem que tudo aquilo estava encenado ao pormenor. Isso é que me preocupou, porque o bem do país não é, nem será nunca, o resultado automático de um espectáculo bem encenado de um partido político”. Diário de Aveiro |