Os utentes do Lar e Centro de Dia da Gafanha do Carmo celebraram, hoje, os 101 anos de vida da “avozinha”. É assim que é conhecida a utente mais idosa do lar que aos 101 anos mantém boa capacidade de diálogo com todos. Maria do Céu fez uma resenha histórica de tempos dedicados à família. Teve 6 filhos (quatro rapazes e duas raparigas), dos quais mantém 5 ainda vivos. O núcleo alargou-se com 12 netos, 14 bisnetos e 1 trineto. Muitos passaram hoje pelo Lar da Gafanha do Carmo para ouvir as histórias de uma vida dedicada à família e condicionada pela viuvez. “Fui lavradora, andei com os bois e uma charrua, fui costureira, tive uma loja e uma padaria. Fiz de tudo um bocado mas graças a Deus criei os meus filhos limpos e fartos”, explicava a mulher natural da praia de Mira.

Recordou os tempos em que caminhava pela praia até à Gafanha da Nazaré para poder atravessar para São Jacinto onde o marido trabalhava. Do passado fica, ainda, o registo da capacidade que demonstrou para aprender a ler e escrever na areia molhada da praia. “Aprendi a perguntar a uns e outros. Um dia fiz letras na areia, sem saber o que fazia, e um professor reformado disse-me que estava a fazer letras”, lembra Maria do Céu.

Famílias, amigos e funcionários da instituição da Gafanha do Carmo reuniram-se para uma tarde especial de convívio com Maria do Céu e cantaram os parabéns a uma idosa que agradece o acolhimento. “Todos gostam de mim”.