O protesto “geração à rasca” deve ser levado a sério e pode funcionar como ponto de viragem na política portuguesa. João Carlos Valente, do PSD, diz que se trata de uma acção que traz novidade à forma como os portugueses se expressam.
Para o representante do PSD no programa “Canal Central”, a classe política deve valorizar os sinais dados pelas redes sociais. “Acho que marcam sempre pequenos pontos de viragem. Estas novas tecnologias das redes sociais são tecnologias que se infiltram na casa das pessoas. Qualquer pessoa pode fazer valer pontos de vistas. Os políticos devem auscultar e estar em conjunto com o povo para perceber as dificuldades”, afirma João Carlos Valente.
Marques Pereira, do PS, contesta as manifestações que apontam o dedo à classe política como um todo e considera que há demagogia sempre que se colocam os políticos como a causa de todos os males. “Acho isto muito grave porque os políticos são eleitos e o cidadão quando vota sabe um mínimo. Tirar uma classe dirigente e não por nenhuma é anárquico, é cair no caos”, considera Marques Pereira.
Na leitura aos movimentos do último fim-de-semana, Nelson Peralta, do BE, disse que foi dado o sinal de uma geração que vive à rasca depois dos investimentos e dos sacrifícios feitos pelas famílias em educação. “Pouparam não para comprar um carro bom mas para pagar a educação aos seus filhos. O problema é que PS, PSD e CDS instituíram políticas de roubo de esperança aos jovens e aos trabalhadores”, sublinha Nelson Peralta.
Filipe Guerra, do PCP, diz que a perda de direitos laborais mexe com toda a estabilidade pessoal e adia o futuro dos jovens. “A situação é negra. O acesso ao emprego está complicado. O jovem não pode arrendar uma casa e há um futuro adiado até nos direitos pessoais como a constituição de família”, lembra Filipe Guerra como consequência da incerteza vivida no emprego.
Jorge Greno, do PP, considera que a crise e a falta de emprego para licenciados é uma realidade com várias décadas e aponta a escolha de cursos e a qualidade do ensino como algumas das causas dessas limitações. Diz ainda que a geração que protesta deve ter o mercado europeu como horizonte. “Continua a haver acesso grande à universidade. É legítimo. Mas isso não é garantia de haver emprego compatível. Não há emprego para todos os licenciados que estamos a formar. Hoje não podemos confinar-nos a Portugal”, conclui Jorge Greno em debate na última edição do programa “Canal Central”. Diário de Aveiro |