JAIME QUESADO: RECURSOS HUMANOS VOLTAM A GANHAR PESO.

A aposta na competitividade do país deve dar atenção à coesão territorial, com investimento nos clusters do conhecimento e, nesse caminho, o lugar das pessoas é fundamental. Depois da era do betão, com a proliferação de auto-estradas, ganha força um novo modelo assente no conhecimento e na criatividade. Ideias centrais na obra de Jaime Quesado, intitulada “o novo capital”, que hoje mereceu apresentação em Ílhavo.

O antigo gestor do Programa Operacional da Sociedade da Informação e que esteve ligado ao programa “Aveiro Digital” escreveu, para “compreensão transversal”, sobre a realidade nacional e as carências que foi detectando ao longo de anos de experiência na relação entre os empreendedores e as estruturas de decisão. Essa obra defende a relevância das capacidades locais e regionais e as virtudes de uma sociedade capaz de trabalhar em rede.

Nogueira Leite, presidente da Comunidade Portuária de Aveiro, gestor do grupo CUF e professor universitário, alertou para a importância do aumento da capacidade exportadora de Portugal. O país tem que produzir mais do que o que consome e para chegar a esse estado precisa de apostar nos recursos que já tem. “Portugal não cresce fazendo mais estradas e linhas de caminho de ferro mas fazendo linhas onde há procura actual ou muito concreta no futuro, ter porto eficientes e deve ter a noção que é preciso investir nas pessoas e nas organizações como forma de criar capacidade exportadora”, explicava o especialista em temas económicos durante a apresentação da obra de Jaime Quesado.

Nogueira Leite alertou para a redução da poupança em Portugal e para a falta de “reservas” que alimentem o investimento nas empresas. Advertiu para uma realidade em que as empresas, no geral, são pouco capitalizadas. “Não há instrumentos de capitalização das empresas e muitas vezes são capitalizações fictícias. Isto é verdade nos grandes grupos, nos pequenos e nos médios. Isto tem uma consequência complicada. Quando as empresas geram valor esse valor é retirado das empresas. O reinvestimento de lucros é baixo porque os accionistas precisam dos lucros para fazer face ao serviço da dívida”, justificou, deixando a imagem de um círculo vicioso que se pode contrariar com a capacidade para se fazer bem o que pode ser bem acolhido pelo mercado externo.

O Reitor da Universidade de Aveiro, a Associação Industrial do Distrito de Aveiro e a Câmara de Ílhavo representada pelo autarca que lidera a comunidade intermunicipal, mostram-se focadas num esforço conjunto que assume uma experiência bem sucedida nas ligações entre a Académica, as autarquias e o mundo das empresas. Uma relação assumida e que está na matriz da UA e que vai dar novo passo com o desenvolvimento do Parque da Ciência e Inovação. Jaime Quesado está ligado ao projecto e sublinha o peso da “inteligência colectiva” capaz de encontrar soluções práticas, competitivas e que respondam aos desafios.


Diário de Aveiro


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