PARTIDOS POLÍTICOS DIZEM QUE FUNCIONÁRIOS DA CÂMARA GANHAM DEMASIADO BEM.

Em tempos de crise, as Câmaras Municipais deveriam dar o exemplo. A sugestão foi lançada na última emissão do programa “Discurso Directo” pelos partidos com assento na Assembleia Municipal de Ílhavo.

José Vaz, do PS, disse não compreender o aumento do passivo generalizado nas autarquias e deu o exemplo da Câmara de Ílhavo que, segundo o também vereador, aumentou os funcionários no gabinete da presidência, ao invés de reduzir: “Tem aumentado sistematicamente a dívida, tanto à banca, como a fornecedores. São quase 40 milhões de euros em dívida. O gabinete do presidente, por exemplo, em vez de ser diminuído, foi reforçado depois das últimas eleições. O presidente da Câmara tem duas secretárias directas, um chefe de gabinete, um adjunto, tem mais três secretárias, tem mais um assessor para a educação que ganha mais que um vereador. Tem todos os vereadores a tempo inteiro, tem uma relações públicas, tem um assessor jurídico em tempo parcial que ganha 33 mil euros por ano e mais dois a tempo inteiro que ganham 117 mil euros por ano, tem um director cultural, que é o actual director do Centro Cultural de Ílhavo, e que ganha quase quatro mil euros por mês, e uma equipa de museu que passou de um para três”.

Flor Agostinho contradiz José Vaz. A autarquia ilhavense, na opinião do social democrata, é gerida com rigor e os números que José Vaz apresentou não são rigorosos. Afirma mesmo que estão longe da verdade: “Estamos a falar dos valores que ganham os assessores que são pessoas que trabalham diariamente e recebem apenas 12 meses, e não 14, e recebem através de recibos verdes. A esses valores estão imputados o IVA que têm de descontar todos os meses e que representa 20% do salário e não têm subsídio de alimentação”.

Francisco Rocha, do CDS-PP, disse estar chocado com os valores em causa: “De facto, a Câmara de Ílhavo não se tem mostrado ao nível de todo este esforço porque todas as verbas que foram têm a ver unicamente com as receitas, mas sabemos que as despesas também vão ser afectadas e que vão ser cortados 100 milhões às autarquias. Naturalmente que isto se vai reflectir em Ílhavo. Os dados que o José Vaz aqui lançou chocam-me. Não é normal que uma pessoa ganhe quatro mil euros por mês. Eu sou funcionário público e não ganho isso, nem tão pouco mais ou menos”.

José Alberto Loureiro do PCP, fechou o debate com o exemplo de Henry Ford que aumentou todos os empregados no ano de 1912: “Em 1912, Henry Ford aumentou extraordinariamente os seus trabalhadores justificando que eram os trabalhadores que compravam os seus carros e que quanto mais ganhassem, mais carros venderia. Não é preciso dizer mais nada”.

O debate na última edição do programa “Discurso Directo”.


Diário de Aveiro



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